Sabe aquele email de um engraçadinho que pergunta: "Por que os Flintstones comemoravam o Natal se eles viviam numa época antes de Cristo?". Esse cara deve se achar muito esperto mas não é. A maioria das datas comemorativas, hoje ligadas ao cristianismo, são anteriores a Cristo. Ao contrário do que muita gente pensa, o judaísmo não foi a única fonte de tradições cristãs. A páscoa talvez seja um bom exemplo. A história de Moisés e o Mar Vermelho ganham um sentido cristão com a morte e ressurreição de Jesus. Porém, vasculhe a bíblia de "cabo a rabo", você não vai encontrar rituais de fecundidade relacionados aos judeus.
No Antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade ainda o ligavam à Lua, portanto, é possível que ele tenha se tornado símbolo pascal pelo fato da Lua determinar a data da Páscoa. Ishtar, nome primitivo da deusa Isis, deusa da fertilidade, tinha rituais de caráter sexual, libações e outras ofertas corporais. Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Este ritual foi adaptado pela igreja nascente fundindo-o com a Páscoa judáica/cristã. Outras culturas também relacionavam a primavera, lebres e ovos coloridos à fertilidade e a renovação. As culturas anglo-saxãs cultuavam Ostera, a deusa da primavera, simbolizada por uma mulher que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, representante da fertilidade, pulando alegremente ao redor de seus pés. (este trecho foi adaptado da wikipedia)
O que cabe ressaltar é que o termo fertilidade tem um significado muito diferente do que poderíamos pensar hoje. Está relacionada à natureza, à terra, uma forma de reconhecimento da dependência que o ser humano tem em relação ao meio ambiente como fonte de sustentação. Render homenagens à terra para garantir a alimentação de grandes nações. Ter uma grande nação significava mais gente pra lutar em guerras, construir fortificações, trabalhar em lavouras, ou seja, manter viva e próspera sua cultura e seu povo. Os judeus perseguiam isso como um objetivo crucial: uma nação numerosa como as estrelas do céu. Mas eram pastores nômades, não sabiam prever o clima, não cultivavam grandes plantações por isso não tinham rituais ligados à fertilidade e até condenavam os povos que os realizavam.
Durante muito tempo eu fiquei me perguntando, por que unir personagens tão diferentes na mesma celebração? De um lado, temos Jesus, trazendo uma mensagem espiritual, ligada à ressurreição e ao reino dos céus. De outro, o coelho significando a fertilidade capaz de sustentar grandes nações. Nos tempos de hoje, em que o aquecimento global ameaça a geração de alimentos e, consequentemente, cria a possibilidade de grandes nações famintas, é um bom momento para se pensar no mito em seu sentido original. Até então eu achava que a cruz e o coelho eram símbolos unidos pela casualidade. Mas parece que, sem o coelho, o sentido da páscoa ficaria incompleto. Já percebeu que o "seja feita a vossa vontade" vem logo antes de "o pão nosso de cada dia nos dai hoje"?
Feliz Páscoa a todos!!!
No Antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade ainda o ligavam à Lua, portanto, é possível que ele tenha se tornado símbolo pascal pelo fato da Lua determinar a data da Páscoa. Ishtar, nome primitivo da deusa Isis, deusa da fertilidade, tinha rituais de caráter sexual, libações e outras ofertas corporais. Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Este ritual foi adaptado pela igreja nascente fundindo-o com a Páscoa judáica/cristã. Outras culturas também relacionavam a primavera, lebres e ovos coloridos à fertilidade e a renovação. As culturas anglo-saxãs cultuavam Ostera, a deusa da primavera, simbolizada por uma mulher que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, representante da fertilidade, pulando alegremente ao redor de seus pés. (este trecho foi adaptado da wikipedia)
O que cabe ressaltar é que o termo fertilidade tem um significado muito diferente do que poderíamos pensar hoje. Está relacionada à natureza, à terra, uma forma de reconhecimento da dependência que o ser humano tem em relação ao meio ambiente como fonte de sustentação. Render homenagens à terra para garantir a alimentação de grandes nações. Ter uma grande nação significava mais gente pra lutar em guerras, construir fortificações, trabalhar em lavouras, ou seja, manter viva e próspera sua cultura e seu povo. Os judeus perseguiam isso como um objetivo crucial: uma nação numerosa como as estrelas do céu. Mas eram pastores nômades, não sabiam prever o clima, não cultivavam grandes plantações por isso não tinham rituais ligados à fertilidade e até condenavam os povos que os realizavam.
Durante muito tempo eu fiquei me perguntando, por que unir personagens tão diferentes na mesma celebração? De um lado, temos Jesus, trazendo uma mensagem espiritual, ligada à ressurreição e ao reino dos céus. De outro, o coelho significando a fertilidade capaz de sustentar grandes nações. Nos tempos de hoje, em que o aquecimento global ameaça a geração de alimentos e, consequentemente, cria a possibilidade de grandes nações famintas, é um bom momento para se pensar no mito em seu sentido original. Até então eu achava que a cruz e o coelho eram símbolos unidos pela casualidade. Mas parece que, sem o coelho, o sentido da páscoa ficaria incompleto. Já percebeu que o "seja feita a vossa vontade" vem logo antes de "o pão nosso de cada dia nos dai hoje"?
Feliz Páscoa a todos!!!