segunda-feira, 28 de julho de 2008

Parada Gay

Outro dia o Laércio veio reclamar que a toalha de rosto do banheiro não era trocada há, pelo menos, 2 semanas. O cara vem trabalhar de camisa rosa, vive querendo colocar uma coisinha coloridinha nas telas dos sistemas, mas nesse dia ele passou dos limites:
- Laércio, vem cá, você é boiola? Só falta dizer que olha prazo de validade em produto de supermercado.
O cara se ofendeu. Olhar prazo de validade é algo que nenhum macho convicto assume que faz. Foi o que redimiu o cara.
Está no texto constitucional, ninguém é obrigado a gerar provas contra si mesmo.
Mole, depois de dado, já era, nunca mais conserta. Seja discreto, ninguém percebe. O Ronaldinho, por exemplo, tentou ser discreto. Acabou sendo discreto como um elefante na loja de cristais.
Eu vou me ater a paradas ocultas, bem camufladas. Aquelas difíceis de desmascarar, exigem um certo olhar clínico. Já parou pra pensar no refrão daquela música do Kid Abelha:
- Fazer amor de madrugada. Amor com jeito de virada...
Virada? pra rimar com madrugada? Será apenas uma rima "enjambrada"? eu não seria tão otimista. Parece que em determinado momento um vai olhar pro outro e
dizer: "agora é a minha vez" e nesse momento, rola a virada. Um casal hétero não tem esse tipo de versatilidade.
O Leoni ficou no meu caderninho. Na época ele namorava a Paula Toller, os dois fizeram a letra juntos, parecia um álibi perfeito. Veio o fim do namoro, ele saiu da banda e se juntou aos Heróis da Resistência. Ai foi a vez de Dublê de Corpo.
Olha esse refrão:
-Foi tanta força que eu fiz por nada, pra tanta gente eu me dei de graça
.
Você vai achar que eu tô de implicância com o cara. Não é não. Pra provar que não há nenhum tipo de "forçassão" de barra, vai mais pra frente na letra:
-Se você ainda acreditar, eu prometo dublar o seu corpo.
Agora imagina a cena: dá pro cabra ser dublê de corpo da mulher? Agora dá uma "virada" e imagina a mulher dublando o corpo do homem. Ele tinha outras opções, não precisava entrar nessa dividida.
Um que nunca tentou enganar ninguém foi o Renato Russo. Ele assumiu que gostava de "meninos e meninas" e não tava nem ai pra isso. Você tem que dar o braço a torcer, o cara sabia bem o que fazer com as palavras. O que ele fazia com outras coisas, é "coisa" dele. Só não da mole de pegar determinadas letras. "O mundo anda tão complicado" é um exemplo. A música fala de um casório gay: -Me empresta um par de meias...
Está longe de ser conversa de um casal hétero. Se não fosse o pé da mulher ser tamanho 35 a 37 e do homem 38 a 40 (na maioria dos casos) inda tem o modelo. O cara vai trabalhar de meia rosa de florzinha?
Mesmo por trás da inocência das musiquinhas de Natal se escondem paradas altamente boiolantes. Talvez pra lembrar todos os moles de um ano inteiro e que ninguém percebeu, você faz aquela cara de alma caridosa e se pôe a cantar, esta, que é o melô do créu reverso:

- Quero ver você não chorar, não olhar pra trás nem se arrepender do que faz. Quero ver o amor vencer mas se a dor nascer você resistir e sorrir...

Xiiiii.... Deu mole...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Tomates, Torradeiras e Guarda-chuvas

O Hélio é o cara. Quando eu converso com o Hélio eu me sinto meio tapado. Não que eu ache isso ruim, pelo contrário, é bom saber que existem pessoas mais alucinadas do que eu.
Outro dia eu sai do trabalho, passei no mercadinho perto de coisa e, dentre outras coisas, comprei tomates. Coloquei os tomates no banco do carona, na frente. Do mercadinho lá em casa, não parei em lugar nenhum. Estacionei na minha vaga e subi levando tudo comigo. Abri a porta coloquei as coisas na cozinha, tomei banho e tals.
-Bem agora vou jantar, penso eu
Chego na cozinha o pão, a alface e o queijo estavam lá, mas, cadê os tomates? Primeiro procurei nos lugares óbvios, em cima da mesa, da pia, dentro da geladeira, nada. Fui lá no carro novamente refiz todo o meu trajeto, nada. Fui no meu quarto, no banheiro e em todos os lugares impossíveis e improváveis e, novamente, nada!
Me conformei em comer Hamburguer sem tomates naquele dia, mas fiquei meio bolado com o mistério. Propus a questão a diversos amigos meus, a maioria formada em ciências da computação e ciências afins. Achei que mentes capazes de lidar com lógica matemática e acostumadas a ver coisas improváveis acontecerem o tempo todo poderiam lançar uma hipótese sobre o mistério. Ninguém arriscou um palpite.
Neste momento chega o Hélio, ele parou um pouco distante e ficou prestando atenção. Quando percebi o interesse meio tímido dele, chamei e recontei a história. Ele ouviu atentamente, no final parou e olhou em direção ao vazio por alguns instantes. Logo em seguida ele começou sua linha de argumentação:
- Alessandro, você já perdeu um guarda-chuvas?
-Vários... (eu)
- Conhece alguém que já perdeu um guarda-chuva? (ele)
- Sim... Diversas pessoas.
- Otimo! Já achou um guarda-chuva alguma vez? (ele)
- Não... (eu)
- Conhece alguém que já tenha achado um guarda-chuvas? (ele)
- Não... (eu) (pra falar a verdade, contei esta história algumas vezes e descobri uma pessoa que garante que sim. Mas acho que ela falou isso só pra quebrar a minha linha de argumentação).
- Se os guarda-chuvas são sempre perdidos e nunca encontrados, para onde eles vão? (ele)
Naquele momento eu me senti um perfeito otário. Como eu nunca pensei nisso? Eu poderia ter chegado a esta conclusão sozinho. Me tornei refém da minha própria história.
- Você diz que os tomates tiveram o mesmo destino dos guarda-chuvas? É um ponto de partida interessante. (eu)
- Sim (ele)
- O que você sugere: universo paralelo, extraterrestres, duendes... (eu)
- Nenhum desses. Torradeiras elétricas inteligentes. Tramam uma conspiração tão secreta que poucas pessoas conhecem... Nem mesmo o google trás referências sobre o assunto... (ele)
Alguns entusiastas afirmam que se uma informação existe ela está no google. Eu costumo dizer que se ela está no google, eu encontro. Realizei uma dúzia de pesquisas e realmente, o assunto é um "tabú", até mesmo no mundo digital.
Naquele momento eu já não sabia mais o que era mito, verdade, muito menos quem tava sacaneando quem. O que passou a importar é que estávamos diante de uma equação complexa, três variáveis: tomates, torradeiras e guarda-chuvas.
- As torradeiras parecem seres inofensivos, quase ninguém descofiaria delas, mas elas raptam os guarda chuvas que ninguém encontra e os utiliza no seu maléfico plano de conquistar o mundo...(ele)
As reticências nos trechos acima revelam meu profundo cagaço diante da situação. Na verdade ele falou bem mais do que isso, mas eu temo que as torradeiras queiram se vingar de mim por revelar tudo que eu sei. Dentre outras coisas pensamos em criar uma sociedade secreta (tipo Prioridade de Sião) para estudar o fenômeno e manter o mundo a salvo. Uma ONG também, para reconduzir os guarda-chuvas aos seus legítimos donos.
Para minha sorte, nenhum dos dois vingou. Se o André ler este texto, ele vai acabar querendo colocar um sensor nos guarda-chuvas que dispare quando estes forem esquecidos. Parece que eu to vendo ele dizer: "é simples, um sensor no guarda-chuvas e um no chaveiro do cara. Se ele se afastar por xis metros do guarda-chuvas, um alarme dispara". O André é um tema a parte.
Dali pra frente passei a vigiar melhor os meus tomates e as torradeiras nunca mais os sequestraram. Só teve uma vez que o empacotador do super mercado pendurou as uvas no carrinho e eu acabei esquecendo as uvas lá. Eu sei que eu sou meio desligado mas eu já fui bem pior. De qualquer maneira, se alguém quiser montar uma sociedade secreta, pode me contactar. Em segredo...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Por que ter um blog?

Pra falar a verdade, eu nunca quis ter Blog. Nunca entendi pra que as pessoas escrevem em blogs. Mas justamente esta semana eu entrei no Blog da Lorena de Brasília(figuraça ela). Me despertou duas vontades: uma de tomar absinto a outra de manter um blog. Só quero ver quanto tempo isso dura.....
Não sou autoridade em nenhum assunto, não leio jornais e muito menos quero formar opiniões.
Eis a grande questão, sobre o que escrever? Parecia este ser um beco sem saída, mas na verdade, foi o grande ponto de partida. Durante muito tempo eu preferi guardar as minhas idéias só pra mim. Quantas coisas eu penso e não falo?
Estou com vontade de escrever. Não sei o que mudou nem se foi pra melhor ou pra pior. É apenas diferente. Temas? Se alguém quiser sugerir será muito bem-vindo. De um modo geral vou escrever sobre o que penso e não falo. Como a intenção deste texto é ser apenas uma apresentação, não espere ver aqui nada de polêmico, extraordinário, engraçado, contraditório ou simplesmente desbocado. Pelo menos neste momento é importante manter a linha.
O que vai acontecer daqui para frente é um grande mistério. Pode ser que eu atualize toda semana, pode ser que eu nunca escreva além do texto inicial mas o mais provável é que ninguém nunca leia. Mesmo assim eu vou encher o saco de uma galera pra que entre ao menos uma vez.
Se você for um dos agraciados a sugestão é simples: diz que leu, que gostou e faz um comentário genérico do tipo: "maneiro", "profundo", "polêmico". Eu vou acreditar que não estou escrevendo para o vazio.

Até lá