domingo, 28 de dezembro de 2008

Retrospectiva? nem pensar!

Quando eu vi Dezembro dobrando a esquina me deu um misto de ansiedade e alívio. Eu definiria este ano com uma única palavra: "Benza Deus, que ano do sarel". Se você, assim como eu, não tem a menor idéia do que seja "sarel", imagina uma coisa bem esquisita. É daí pra lá. O negócio é cuspir na mão, tomar coragem e esperar que o ano morra de velho. Particularmente, eu preferia que ele acabasse, pelo menos, uma semana antes.
2008 já nasceu dando trabalho. A queda da bolsa, que todo mundo achava que era apenas um espirro, se mostrou uma verdadeira pnemonia. Aliás a maior crise econômica da história. Nem a euforia do "Investiment Grade" (grau de investimento) conferido ao Brasil, facilitou as coisas.
Lembra a comoção que foi o caso dos Nardoni? superior, em muito, o João Hélio, o Richthofen e eu achei que, pra um ano, já tava bom demais. Tolo engano, veio o Lindemberg e a Eloá disputando o topo do hanking de tragédias. Quem acabou roubando a cena, no último instante, quando tudo parecia consumado, foi o pai da Eloá: Foragido da justiça por integrar o esquadrão da morte de Alagoas e acusado de cometer crimes, tendo como parceiro, o próprio Lindemberg. Pra quem achava que já tinha visto de tudo e não se surpreenderia com mais nada...

Se alguma coisa me agradou este ano, foi o São Paulo. Não o santo, o time. Se ainda havia alguma dúvida de quem era o primeiro penta campeão brasileiro, o hexa não há. A marra dos flamenguistas foi desimada de forma tão banal que os caras vão ter que se contentar com o lugar devotado ao arquirival, viraram vice. Já o Vasco conseguiu meter o pé na jaca e agora vai navegar em mares tortuosos atrás de mais um título inédito: Vice rei das Índias, vice campeão carioca, vice campeão mundial e agora vice campeão da segundona.
Quer mais? Espera que ainda não acabou. Ainda tem as chuvas. Pegaram o Espírito Santo de jeito e Santa Catarina de jeito e meio. Mais uma tragédia que superou todos os anos passados. Tem chovido tanto em Vitória que eu nem lembro mais como é um dia de sol. Daqueles que nasce de manhã com sol, termina com o por do sol e depois você vê a lua e as estrelas. Tá sempre, no mínimo, nublado...
Como desgraça pouca é bobagem, ainda há tempo pra mais. Até por que o Dunga conseguiu se manter no comando da seleção brasileira. O Ronaldo vai voltar a jogar, agora no Corinthians. O Corinthians voltou pra primeira divisão. Aí, na boa, 2008 se manda, cê já tá enchendo o saco!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Presente de Natal

Se você ainda não comprou os presentes de natal, está na hora. Quanto mais você deixa passar, mais as lojas enchem, menores as chances de você encontrar o que você quer. Isto é, quando você sabe o que quer. Eu sei que vou passar por isso todos os anos mas nunca me planejo.
Minha mãe era assim, eu pedia uma dica do que ela queria ganhar. Ela sempre me pedia "a paz no mundo e o entendimento entre as nações":
- não quero presente, quero que todos fiquem bem, com paz, com saúde, este negócio de presente...
Além de não ajudar, acaba dando nó na cabeça. Eu injuriei:
- Mãe! Escolhe alguma coisa que vende em loja e esteja dentro do meu poder de compra.
Deste dia em diante tudo ficou mais fácil. No aniversário, ela me pediu um CD do Tim Maia. Não achei de jeito nenhum. Acabei levando um DVD do show dos Bee Gees. Inicialmente ela estranhou. Depois foi identificando todas as músicas. Adorou, pro natal ela pediu um novo show, ficou fácil...
Quando é presente pra homem, é fácil. Você pode dar meia, cueca, cinto ou gravata. Pode variar com camisa, bermuda e loção pós-barba. Se você quiser "inovar", pode dar agenda, relógio ou perfume. Não é preciso dizer que eu odeio ganhar essas coisas, aliás, acho que ninguém gosta...
Amigo oculto de empresa, não tem como fugir do triângulo: CD, DVD e livro de auto-ajuda. O Segredo, Desvendando o Segredo, o Segredo por trás do segredo. A arte da Guerra, o Pai rico e o Pai Pobre, Quem mexeu no meu queijo. Ai teve um esperto que escreveu: "A arte da guerra pra quem mexeu no queijo do pai rico", três obras em uma. Eu recomendo "A arte da paciência pra quem pisou no calo do pai pobre", futuro best-seller...
Pra criança também é mole. Dá um brinquedo. É só escolher algo que seja apropriado pra idade, não possa ser engolido, não possa ser usado como arma pra atacar outra criança, não fure os olhos, não solte a tinta e tenha selo do INMETRO. Eles vão adorar....
Presente pra mulher. Agora sim, você está numa furada.
1) Brincos... ela não usa deste tamanho.
2) Batom... ela não usa desta cor.
3) Perfume... esse é muito forte, dá dor de cabeça...
Você fica horas procurando, quase pedindo pra que alguma coisa pule da prateleira e diga:
- Me leva que ela vai gostar!!!
4) Bombom nem pensar... "Tá querendo que eu engorde?"
5) Cesta de produtos Light é ainda pior... "Tá me chamando de gorda?"
6) Bolsa! por que eu não pensei nisso antes?
- Grande ou pequena?
- Pro dia-a-dia ou pra noite?
- Discreta ou extravagante?
- E se não combinar com os cintos e sapatos que ela tem?
Melhor procurar mais um pouco....

domingo, 14 de dezembro de 2008

Rapidinha mas bem tirada

Dizem que o tamanho é importante para os homens e a duração, para as mulheres. Contrariando os esteriótipos com a mesma cara de pau de sempre, algumas coisas que eu ocorreram estes dias, não dariam teses longas ou duradouras.
Para quem acredita que o prazer está na essência, a rapidinha, se for bem tirada, também é capaz de satisfazer. E foi apostando nesta possibilidade que eu criei o texto de hoje:

Achados e Perdidos
A cliente, desesperada, volta à loja de conveniências. A balconista a espera com toda a serenidade do mundo:
- Poxa, você demorou pra voltar.
- É, eu já estava em casa, quando percebi que tinha perdido o celular. Não lembrava onde poderia ter ficado. Procuramos por toda a casa, dentro do carro, ligamos mais de 20 vezes e nada... diz a cliente
- Sim, faço uma idéia da sua aflição. O telefone tocou várias vezes mesmo. Imaginei que fosse isso, diz a balconista com a mesma serenidade de antes.
- E por que você não atendeu? diz a cliente, quase avançando no pescoço da outra.
- Não gosto de mecher nas coisas dos outros.

Contexto
O chefe discute com a funcionária sobre uma hospedagem:
- Esta nota tem ou não o valor do café da manhã incluído?
- Olha, aqui diz que o café da manhã é opcional. Acredito que ele deveria ser, ao menos, discriminado a partem, diz a funcionária.
- Mas aqui não está discriminado e os valores não batem. Precisamos saber se houve algum erro na cobrança, diz o chefe.
- Vou ligar pra lá e ver o que eles falam, diz a funcionária.
Ela liga, conversa e no momento desliga, entra uma outra pessoa na sala e o chefe pergunta:
- Afinal de contas, tem ou não o café?
A pessoa que entrara na sala sacode a garrafa térmica e diz:
- Tem café sim, o senhor quer um pouco?

Tatuagem...
Duas amigas se encontram e conversam sobre fazer uma tatuagem:
- Menina, sempre quis, nunca te falei. (uma)
- Nunca poderia imaginar. Você não parece o tipo de pessoa que usaria tatuagem.(outra)
- Mas eu não quero nada chamativo não. Quero uma coisa discreta, sem muito colorido e num lugar restrito a poucas pessoas.(uma)
- Já que tem que ser uma coisa restrita a poucas pessoas, não faça na virilha.(outra)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Lei Seca

Em dias de lei seca os bares vivem cheios
Não faltam voluntários pra executar a lei
garrafas entram cheias e voltam vazias
Vidas vazias se enchem de ilusão

A policia prende, advogado defende, a justiça solta
Não existem fatos que incriminam o culpado
todo mundo é inocente, advogado não mente, a justiça solta
E continua lotado o sistema carcerário

A culpa aleja, o vazio entreva, a verdade mata
Alguém paga pra esquecer
A farmácia atende, a boca vende, o vapor entrega
Sua paz em forma de analgésico, agora tá tudo bem

Em dias de lei seca alguém tem que sofrer
Se eu falo demais, tô chapado
Se fico quieto, eu apanho
qualquer coisa que eu diga eu tô errado

Chega mais um, pede um copo
A gente não esquenta, a gente não aguenta
Viver neste dilema e ainda ter
que beber água mineral

domingo, 30 de novembro de 2008

Depois da tempestade vem a goteira

Até uns dias atrás o tempo estava imprevisível. Você saia de manhã pra trabalhar de sol. Chegava no serviço falando do sol e as pessoas achavam que você tava ficando maluco. Bastava olhar na janela novamente, e ele já tinha ido embora. Sabe aquelas pessoas que juram que viram disco voador? Teve um dia que eu fiquei com esta cara: "Eu juro que vi, ele estava bem ali"....
Chegou a fazer todas as estações do ano em um único dia. Eu não arriscava a responder quando alguém me perguntava sobre o tempo por aqui. Levantava ia até a janela olhar. Mas estes eram bons tempos, o pior ainda estava por vir.
Ultimamente, só chove. A única variação é na intensidade da chuva. Na sexta caiu um toró. No meu bairro, daria pra andar de Jet ski, não fossem os carros naufragados. E as corredeiras? Dava pra fazer Rafting! Você que sempre quis praticar esportes radicais mas nunca teve tempo, dinheiro ou um bote de borracha, pode se lançar na mais radical das aventuras proporcionadas pela natureza: sair ou chegar em casa.
Além de todos os efeitos colaterais anunciados na TV, um que eu não esperava era a goteira. O Leandro tava morando no meu quarto de hóspedes a uns dias atrás. Correu o risco de morrer afogado. Na segunda-feira, tinha tanta água, no meu teclado que eu precisei secá-lo com um secador de cabelos. Na terça eu fui avisar ao condomínio que havia o problema. Eu achando que era o "contemplado do mês" e na verdade era apenas mais um na multidão.
O mais ridículo da goteira é você ter que colocar um balde embaixo. Fica aquele barulho a noite inteira "ping, ping, ping", de repente para. Quando você vai quase dormindo vem um "ping" e você acorda de novo. O negócio é desgrilar, fingir que nada está acontecendo, que aquilo não está te incomodando, "-hmmmm, estou quase dormindo novamente"... "ping"! Lá se foi todo o trabalho embora....
O jeito é esquecer a noite mal dormida e ir trabalhar. Eu já tinha notando um barulho estranho no meu carro. Do lado do carona, no banco de trás, uma piscina. Como esta água foi parar ali? Os bancos estavam secos, não havia água em mais lugar nenhum, apenas no chão do carro. Isso só poderia significar duas coisas: a água estava vazando por baixo e isso ia custar caro. Nada como começar o dia visitando o lanterneiro.
Até a velha lei de Murphy anda sofrendo com o mal-tempo. Eu não sabia, mas a água da chuva entra na borracha de vedação do vidro e desce por dentro da porta. Embaixo, tem uma válvula. Esta válvula estava entupida. Não era por baixo e acabou não custando nada. Sai ileso desta vez, mas uma dúvida paira no ar:
- Onde será a próxima goteira?

domingo, 23 de novembro de 2008

A incrível arte de falar demais

A casa do Guilherme é um lugar movimentado. Mulher e três filhos seria impossível não ser. Mas neste dia em particular, a casa estava o maior silêncio. Eu estranhei a calmaria e perguntei:
- Ué, cadê todo mundo?
Pra que eu perguntei? Lá vem a explicação:
- O guilherminho saiu com o primo dele. Lembra do Wagner? Pois é filho do Wagner. Eles moram em São Paulo. Eu fui lá agora esses dias e o menino está de férias. Ai eu levei os dois no shopping e vou lá buscar mais tarde. A Morgana...
- Bicho, se você disser "saiu todo mundo" já responde a minha pergunta.

Existem 3 tipos de pergunta: a aberta, a meio-aberta e a fechada. A pergunta aberta não há uma resposta esperada por quem pergunta. Na fechada você tem as respostas possíveis já imaginada com antecedência. A meio-aberta é um pouco das duas: existe uma resposta esperada mas ela pode ser justificada.
Para algumas pessoas não há esse tipo de distinção. O prolixo sempre vai tratar todas as sentenças como abertas, ou seja, vai falar demais. O Lacônico sempre vai tratá-las como fechadas, e, vai falar o mínimo possível. Tanto a falta quanto o excesso são prejudiciais à comunicação. O ideal é perceber no seu interlocutor o tipo de resposta que ele espera e responder de acordo. Pode dar um pouco mais de trabalho no começo, mas depois que você acostuma, se torna intuitivo e a coisa passa a fluir naturalmente.
Saber dosar o tamanho da sua "falação" pode evitar cenas inusitadas como a que eu vivi uma vez. Parei em um posto de gasolina e fui ao caixa eletrônico sacar dinheiro. Enquanto aguardava a minha vez, cai na bobagem de cumprimentar um senhor que estava a minha frente:
- Bom dia, tudo bem com o senhor?
- Rapaz, estou bem como você nem imagina. Mas se você tivesse feito esta pergunta há uns dois anos atrás, eu não poderia dizer isso...
Sem que eu ao menos mudasse a expressão, ele continuou.
- Eu tive cancer de próstata. Demorei pra descobrir, tive que operar as pressas, resultado: fiquei brocha!
Eu tentava nem, ao menos, respirar pra ver se ele desistia, mas o cara foi em frente...
- Passei mais de ano fazendo quimioterapia e outros tratamentos. Agora há uns 6 meses atrás, eu fiz o implante de uma prótese. Estou me sentindo um adolescente de novo. Arrumei uma mulher 30 anos mais nova do que eu. Tão nova que alguns amigos meus vieram me alertar que ela só estava comigo por interesse.
Eu engolia a seco, me esforçava pra não transparecer o meu constrangimento e o cara seguia em sua história....
- Mas é claro que eu dou dinheiro pra ela! Você acha que baixinho, careca, barrigudo e velho eu ia arrumar uma mulher daquela como? Inclusive...
Neste momento em que a coisa mais sórdida da história ainda estava por vir a máquina (ou Deus, ou sei lá quem) ouviu as minhas preces e concluiu a operação. Ele sacou o dinheiro, colocou na carteira e saiu:
- Bom dia pra você! tudo de bom!
Esperei ele sair e respirei aliviado. Se ele tivesse dito apenas "estou muito bem" teria respondido à minha pergunta.

domingo, 16 de novembro de 2008

Ao VIP a guilhotina

Enquanto esperava na fila de uma boate uma promoter se aproxima e me oferece um cartão de acesso VIP. O cartão permitia pegar a fila VIP (que demorava o mesmo que a outra), ter acesso ao cercadinho VIP (que atende pelo "requentado" nome de "área VIP") e outras quinquilharias fosforecentes que não lembro mais.
Tudo bem, a quem estou querendo enganar? A verdade é que eu nem ouvi o que ela disse. O meu desinteresse era tão claro que ela desistiu da venda, e "deu linha".
Com todo aquele charme e vantagens tão exclusivas, ao alcance de qualquer reles mortal, por que ela perderia tempo comigo? Talvez, pra maior parte das pessoas, o tratamento não seja o mais importante. O simples fato de serem consideradas importantes já satisfaz seus egos.
Na idade média os VIPs atendiam pelo nome de nobres. Naquela época, os títulos nobiliárquicos eram concedidos à pessoas que realizavam algum tipo de préstimo à Coroa. Lutar bravamente ao lado do rei em uma guerra, caçar dragões cuspidores de fogo e até mesmo aceitar uma de suas filhas em casamento podia ser considerado um desses feitos. Os títulos eram hereditários. Nem todo mundo que tinha grana podia entrar pra seleta "panelinha do rei" mas pra quem já estava nela, era deitar e rolar.
No século XIX, no entanto, nobres arruinados acabaram vendendo seus títulos a burgueses endinheirados. Para quem já tinha a grana era possível comprar também o glamour
e ai a coisa começou a descambar.
Iniciou-se a era onde tudo podia ter um preço. De fato, a grande contribuição do capitalismo foi a visão de que se poderia produzir qualquer coisa em uma escala que permitesse oferecê-la a qualquer um. Era o início do processo de democratização dos privilégios. E tudo teve início nas execuções penais.
Naquela época, os bruxos e hereges morriam torrados em fogueiras e a maior parte da gentalha era punida com a forca. A decapitação pelo machado era um previlégio da nobreza. Era preciso um carrasco experiente e o executado deveria permanecer imóvel, ou seja, era inviável aplicar uma pena dessas em larga escala.
Os ideais da Revolução Francesa foram decisivos neste momento. Já que o estado deveria tratar a todos da mesma forma, alguém propôs a unificação das execuções penais. Uma vez que a decapitação era um privilégio, este foi o modo escolhido.
A guilhotina foi a primeira iniciativa concreta de popularizar o tratamento VIP. Tudo bem que naquela época ele não era vendido por promoters gostosas, o custo era um pouco salgado (a vida do infeliz), não dava pra postar fotos do evento no Orkut, mas, quem liga pro tratamento? O importante é ser VIP. Se você pensar bem tem até um certo charme, é o preço do pioneirismo. Existe algo mais VIP do que isto? Dava até pra tirar onda na escola:
- Aê mané, meu pai foi condenado a morte, diz um garoto de forma vibrante.
- Sério?!?! O meu também... Como ele será executado? diz o outro um pouco triste.
- Guilhotinado!!! responde o primeiro cheio de orgulho.
- Maneiro!!! O meu vai ser enforcado mesmo.... diz o segundo, cabisbaixo.
Os dois se despedem e cada um segue o seu caminho. Um deles pensa: "enforcado, é pobre mesmo". Enquanto o outro está revoltado: "g
uilhotinado, que moleque esnobe!!!".
Pra você que sempre pensou na guilhotina como um símbolo da brutalidade do poder de império do estado, saiba que ela foi uma espécie de nivelador social. Para muitos, o único momento de dignidade de uma vida inteira. Talvez até arrancasse suspiros: "Vou morrer como um nobre". Sei lá, não estava lá pra ver. Pra tanta gente que daria o próprio pescoço por um momento VIP eu deixo o recado: Por que não tenta a guilhotina?





domingo, 9 de novembro de 2008

Era pra ser só um mundo falso

Eu tenho um bonsai. A Mara e a Dayse me deram no dia do meu aniversário. No dia não. No dia seguinte. Elas sairam de Cachoeiro pra vir no meu aniversário em Vitória mas acabaram indo parar no show do Victor e Léo. Entendeu? Nem eu, mas vou deixar estas "proezas" de lado e me ater ao tema.
Outro dia o Rafael (não pergunte qual, eu conheço uns 5 ou 6) me passou algumas músicas.
Perdida, entre tantas outras, uma música do Radioheads: Fake Plastic Trees (Falsas Árvores de Plástico). Pelo nome talvez você não conheça. Lembra uma propaganda que tinha de síndrome de down? Dois meninos em um carrocel. Uma música só no violão. Então, essa música. Qualquer coisa procura no you tube, deve ter lá.
O fato é que eu não tava esperando encontrar essa música ali. Comecei a analisar a letra: "Seu regador verde de plástico serve para o falso bonsai de borracha em um falso mundo de plástico". Até aqui eu achei que ele estava descrevendo o cenário de um conto de fadas ou algo assim. Meio surreal, meio, sei lá. Comecei a entrar na onda e deixar a imaginação correr. De onde esse cara tirou esta idéia?
"...que ela comprou de um cara de borracha em uma cidade cheia de planos de borracha para se livrar de si mesma. Isto a desgasta". Delírio, puro delírio. Como eu nunca pensei isso? Lembrei de "Stairway to heaven" (escada para o céu), Led Zeppelin. "Uma mulher que estava convencida que tudo que brilha é ouro e está construindo uma escada para o céu..." Mulheres que vivem em mundos de fantasia. Constroem para si realidades absurdas e se tornam reféns de si mesmas. Quantas pessoas você conhece que são assim? Eu já tinha andado a casa toda umas duas vezes e não tinha passado da primeira estrofe. São muitas idéias novas surgindo ao mesmo tempo. Eu não tava preparado pra tamanha explosão.
A segunda estrofe não é lá tão contundente. Analisei com cuidado antes de chegar a esta conclusão. Nem vou entrar no detalhe aqui. Minha maior surpreza ainda estava por vir. Terceira estrofe: "Ela parece de verdade, ela tem sabor de verdade, meu falso amor de plástico".
- O QUEEEEEE??????? Amor de plástico??? Como assim???
Esquece tudo que eu falei antes. Não havia mundos de sonho ou mulheres fúteis. Estamos tratando de um recalcado, um doente sexual. O cara tem uma boneca inflável. Dessas que se compra em sex shop. Criou um mundo pra ela e a chama de "amor de plástico". O cara conseguiu ir além de todas as fronteiras do nonsense. Eu estava indignado. Como o cara tem uma inspiração dessas? Será que o errado sou eu? Será que sou normal demais?
Mas vamos aos fatos. O que o bonsai tá fazendo nesta história? E os inocentes meninos no carrocel, na propaganda? Que tipo de conspiração é essa que não me chamam pra tomar parte? Fiquei de otário assistindo a banda passar e até hoje não entendi nada. Pra minha sorte, o meu bonsai é de verdade. Suas folhas cairam no inverno e estão crescendo de novo agora. Dizem que é difícil mantê-lo vivo, mas já temos quase um ano de convivência. Foi ai que eu lembrei de uma coisa curiosa: conheço um cara que tem um bonsai de borracha. Será que tem uma mulher de borracha também? Melhor não dizer quem é...

domingo, 2 de novembro de 2008

Sinal dos Tempos

Faltavam 2 meses para terminar 1999. A "notícia da moda" era o Bug do milênio. Do jeito que a coisa era falada, parecia que a falta de dois dígitos nas datas seria o estopim do fim do mundo. Tinha gente prevendo caos em aeroportos e no sistema bancário. Bastava o relógio mostrar 01/01/2000 00:00. Você viu algumas dessas tragédias acontecerem? Na verdade o Bug do milênio já havia sido descoberto pelo menos 10 anos antes. Operações de Leasing e financiamentos de longo prazo efetuados a partir de 1990 (por exemplo) já apresentavam problemas. Os maiores interessados foram afetados primeiro, houve tempo de sobra pra corrigir.
Numa área menos tecnológia, líderes espirituais elegeram
2000 como o ano do apocalipse. Tufões, furacões, tsunamis, enfim, todas as formas de catástrofes naturais dividiriam a cena com anjos trombeteiros enquanto o bem e o mal se esgalfinhariam fazendo todos olharem para o céu.
Alívio ou frustração o mundo não acabou. Será que não? De uns dias pra cá eu comecei a achar que sim. Primeiro foi o atentado de 11 de setembro que deixou muita gente com frio na espinha (pra não dizer com o cú na mão). Até então, pouco conhecido, Oshama Bin Laden surpreende o mundo com o mais ousado ato terrorista da história.
Muito pior que o atentado, foi o que aconteceu depois. Não estou falando da guerra do Afeganistão nem a do Iraque. Estou falando das palavras do Ultra-master-blaster-mega-terrorista. Ele previu a ruína econômica e financeira dos Estados Unidos. Tudo bem que o Tio Sam já andava com o bolso furado há algum tempo. Mas a crise que se abateu agora...Sinal dos tempos!
Não sou economista, sou simplista. A construção civil é o indicador mais básico da economia. O primeiro problema que todo mundo tem que resolver. Quem mora de aluguel, quando sobra uma graninha, vai atrás de um lugar melhor, mais próximo do emprego, na melhor das hipóteses, comprar um imóvel. Quem já tem imóvel está pensando em ampliação, reforma, no pior dos casos, uma "pinturinha" pra dar uma oxigenada. Se o mercado da construção civil da maior economia do mundo ruiu, a crise é grave.
Tentaram pegar o Oshama nas cavernas do Afeganistão com os instrumentos militares mais sofisticados de todos os tempos. Olhamos pro céu, vendo os aviões supersônicos da grande potência militar do planeta tomar "um couro" de um simples mortal. Ou não será um simples mortal? Será que a mão de Allah o protegeu? Será ele o anjo trombeteiro do fim dos tempos? O INRI Cristo que não me ouça, mas o Oshama é bem mais convincente.
Parece que tudo que estava previsto para o ano 2000 está acontecendo. Só que diluido. Os pinguins não param de chegar no território brasileiro, efeito do aquecimento global. Tivemos, nos últimos anos, os piores acidentes da aviação civil, caos nos aeroportos. quem mora em Minas passou a sonhar com a casa a beira mar de uma forma um tanto inusitada:
- Mudar pro Espírito Santo ou Bahia? nada!!! Daqui uns dias o mar vem até a minha porta...
Em meio a este cenário de cumprimento de profeciais e da certeza de um futuro cada vez mais nebuloso, eu fico pensando... Já pensou se o Dunga for o técnico da seleção em 2010? Ai que lascou tudo mesmo...

domingo, 26 de outubro de 2008

Purismo cartesiano

And the Oscar goes to...(E o Oscar vai para...) Confesso que dessa vez houve empate. O Marcolito ia ganhar disparado mas a Andréia não deixou. No último instante ela reagiu e os dois chegaram juntos. Lógico que o que significa junto pra mim ou pra qualquer pessoa normal é uma discrepância pro cartesiano fichado.
Lembra aquele filme, Sociedade dos poetas mortos? O Robin Williams entra na sala como professor de literatura inglesa e manda que os alunos leiam o primeiro capítulo do livro. Este explica como uma poesia deve ser criada para ser considerada tecnicamente perfeita. O dedicado professor desenha um gráfico no quadro e faz desenhos explicando a teoria em questão. Todo mundo toma notas do que ele diz, copia os esboços do quadro, no final, ele para o teatro e diz:
- Isto é uma palhaçada. Arranquem esta folha do livro.
Desde então todo mundo que tenta "plotar" coisas subjetivas ou que é muito certinho me lembra esta cena. Eu e Marcolito trabalhamos juntos no sistema de MRPI da Houston Bike do Nordeste. Depois de umas 30 teorias, fundamentos e conceitos do que é MRPI eu faço minha síntese:
- Isso aí é igual a um fluxo de caixa, só que aplicado à matéria-prima de indústria, certo?
Pra que eu fui falar isso. O tempo fechou.
- São áreas diferentes, conceitos conflitantes ...
O resto eu nem lembro, se é que eu prestei atenção. Eu sei fingir que estou prestando atenção e não ouvir nada do que a pessoa fala. Enquanto eu não falei o que ele queria ouvir ele não se convenceu que eu tinha entendido. Não só por esta, mas por muitas outras, eu achei que ele ganharia mole.
Era umas 2hs da manhã mais ou menos. Aniversário da Si. A Andréia chega pra mim:
- Alê, vão embora que eu tenho que chegar cedo no trabalho hoje.
- Tá, vão. Mas, como assim, hoje?(eu)
- É. Hoje. Já passou de meia noite. (ela)
- Mas eu não dormi ainda. Pra mim ainda é ontem.(eu)
Nem era tão tarde e nem a gente tinha bebido tanto. Vou iniciar uma discussão inútil por causa de disso? Se não for já é! Deixa arder!
Eu a conheci aquela noite, não tava acostumado ainda. Mesmo assim, Marcolito seguia impávido na liderança. Ela não ameaçava.
O jogo desequilibrou no dia que Andréia compra uma máquina de lavar roupa. Uma semana antes da máquina ser entregue ela baixou o manual na Internet pra ler em casa. Num país onde ninguém lê manual, ela não pode conter a emoção de esperar até sábado. E agora? como decidir uma peleja dessas?
Enquanto a disputa segue palmo a palmo, sem saber que estava sendo filmada, Patrícia entra no jogo pra levar a estatueta e deixar os outros dois na saudade. Que naturalidade, que talento, entrou correndo por fora e foi ao topo do Podium com apenas uma frase:
- Eu não falo gíria, sou advogada. Quem fala gíria é policial e bandido.
Marcolito, Andréia, e ai? Vão deixar barato?


domingo, 19 de outubro de 2008

É muito simples!

Um homem entra no departamento de trânsito de um estado americano. É um vendedor de tintas e o departamento, seu cliente do dia. Se aproxima da secretária e confirma com ela se seu chefe irá recebê-lo.
(No espaço, um astronauta orbita em torno da terra.)
Enquanto espera, ele percebe a irritação do chefe do departamento. Ele tem por meta reduzir 10% dos acidentes de trânsito em seu estado e não tem nem idéia de por onde começar.
(O astronauta pega uma caneta para fazer anotações.)
O representante vê que o momento não é oportuno e pede a secretária que o agende para o dia seguinte. Entra em seu carro e parte para atender o próximo cliente. Subindo uma lombada, quase bate de frente no carro que vinha no sentido contrário.
(Fora da gravidade terrestre, a caneta falha.)
Stressado, sai do carro e grita:
- Da próxima vez, fique do seu lado da estrada!
- Se você disser qual é o meu lado da estrada, eu ficarei, responde o outro.
Cada um entra em seu carro e segue o seu caminho. Já o viajante espacial testa várias canetas, e nenhuma "dá no couro".
De volta a terra, todas elas funcionam normalmente.
Chegar a conclusão que se tem um problema é fácil. Mas e a solução, será que é fácil resolver?
O vendedor volta no dia seguinte e conversa com o chefe do departamento:
- Vamos pintar faixas nas ruas. Cada motorista deve se manter do seu lado da pista. Com isso, diminuimos o número de acidentes de trânsito.
O Chefe do departamento pensou um pouco e disse:
- Onde mais isto está sendo feito?
O outro respondeu:
- Ninguém está fazendo isto ainda. O Senhor será o pioneiro.
Foi um vendedor de tintas, que precisava bater sua meta de vendas do mês, o inventor do sistema de sinalização usado nas ruas e estradas do mundo todo. Ele enchergou uma oportunidade em seus contratempos do dia anterior.
Alguns anos e milhões de dólares depois os americanos anunciam ao mundo o seu feito incrível: a caneta espacial, capaz de escrever em ambiente de gravidade zero. Enquanto na primeira história uma idéia simples rende milhões de dólares, na segunda, milhões de dólares se transformam em fumaça. É aquilo que eu chamo de usar uma metralhadora pra matar um rato.
Foi a fase da história conhecida como Guerra Fria. Na corrida espacial, como em outras áreas, tudo que os americanos inventavam deveria ser superado pelos russos e vice-versa. Neste caso em particular, a única coisa que se ouviu do outro lado da "cortina de ferro" foram gargalhadas:
- a gente não precisa de caneta espacial, a gente usa lápis...

domingo, 12 de outubro de 2008

Toques

Eu acordava todo dia ao velho som do despertador convencional do meu celular. Algo parecido com um "Trimmmm". Muito enjoado. O "Trimmmm" já não me acordava mais. Pra falar a verdade, acordar de manhã é um dos maiores desafios do meu dia. Sou um ser noturno. Eu deveria ficar acordado a noite toda e dormir durante o dia, mas a vida "ocidental-burguesa-capitalista" me obriga a inverter as bolas. Azar o meu...
Peguei na Internet um programa chamado Audacity. É usado para edição musical. Entre outras coisas, dá pra fazer cortes de trechos de músicas. Você pega a música(em .wav, .mp3 e tals), abre no Audacity, seleciona o trecho que você quer, grava como um novo .mp3 e transforma em toque de celular. Entendeu como faz? Não? Se vira, não espere que eu dê tudo de bandeja para você.
A primeira tentativa foi com Woman in Chains, Tears for fears. Um desastre completo. A música é suave demais, quem disse que eu acordei? Serviu mais como cantiga de ninar.
Eu precisava de algo um pouco mais forte. Cocaine, Eric Claption, parecia ideal. Durante um bom tempo a música cumpriu o seu papel. Mas com o passar do tempo a dose matinal de Cocaine começou a criar tolerância e já não fazia mais efeito.
Tava na hora de aumentar a dose novamente. Passei a usar Elevation, U2. Nos primeiros dias eu pulava da cama e já caia em pé, sem nem saber como eu tinha feito aquilo. Dá o maior pique. Até o dia que eu esqueci o despertador ligado no final de semana. Eu não precisava acordar cedo, eu não queria acordar cedo... Fiquei puto, troquei o toque. Smoke on the Water, Deep Purple.
Dai veio aquela vidinha monótona, alternando os toques e tals. Quando um enjoava eu colocava o outro. Até que eu resolvi fazer um teste com algo bem mais radical. A primeira vez que acordei ao som de American Idiot, Green Day, foi impressionante. Primeiro eu tive a sensação que o apartamento ia sair andando sozinho. Ai eu me dei conta que era o despertador tocando. Ao invés de acordar eu comecei a sonhar que estava tentando desligando o despertador. Continuava tocando, por mais que eu "apertasse" tudo quanto é botão.
O despertador é daqueles que desperta por um tempo e para. Depois ele volta a tocar novamente. O som parou, pensei que tinha desligado. Quando tava quase dormindo de novo, no melhor do meu cochilo, vem a casa estremesser de novo. Dessa vez eu acordei de verdade, com os olhos arregalados olhando o teto e o coração a beira do infarte. Foi o melhor toque que eu consegui até hoje como despertador ...

ps: clique aqui e baixe os toques mencionados por sua própria conta e risco.

domingo, 5 de outubro de 2008

E você, tá nessa também?

Eu e Lorena, a gente sempre discute. O tempo todo sobre tudo. Aliás, seria mais fácil enumerar sobre o que a gente concorda. Recentemente, foi a vez da língua portuguesa. Ela te acompanhará até o fim dos seus dias e a única coisa que você pode afirmar é que nunca a conheceu direito. Eu passei a minha vida escolar apanhando da matéria e sendo perseguido pelas professoras que, declaradamente, não gostavam de mim.
O assunto surgiu por causa de um "pôde" que para a felicidade de todos e o bem geral da nação, deixa de ser acentuado a partir de 1º de janeiro de 2009. De fato, as palavras de nossa língua tendem a ser paroxítonas, ou seja, a sílaba tônica é a antepenúltima
. Acentuar paroxítonas é um absurdo linguístico concebido por um bando de eruditos que não tem nada pra fazer. O Acento de "pôde" é meramente diferencial, não atende a nenhuma regra que mereça atenção. Agora vai cair. Aproveito pra dizer adeus: "o incoveniente não deixa saudade, pode ir sem pesar, mesmo que vá em boa hora, pra mim já vai tarde".
Não é difícil entender porque eu e a letrada Lorena discutimos desta vez. O "lado" de cada um também parece bastante óbvio. O Oliveira Lima passou 4 meses tentando me convencer que não há exceções no português. Apenas regras. Posso te garantir que ele teve um relativo sucesso. O que existem são regras gerais, regras para os casos que não atendem a estas e casos que são regrados por regras que não atendem a nenhuma das regras anteriores. Basta ter um conhecimento profundo e dedicar sua vida exclusivamente a isso.
Aos que se esforçam para transformar a língua em algo menos complicado, a casa agradece. Mas, o que dizer da corrente de iletrados que tentam complicar as coisas criando novos "caminhos" para a ramificação de problemas? Não estou maluco, eu ouvi esta frase:
- Eu vou estar enviando um email para estar marcando quando a gente vai estar reunindo novamente.
O autor da bela sentença deve se sentir o próximo indicado pra Academia Brasileira de Letras ou o sucessor natural de Rui Barbosa. Mas o estúpido está empregando o tempo verbal de forma completamente errada. Olha isto:
- Eu vou ficar esperando você voltar.
O emprego do gerúndio indica uma ação continuada. Não se aplica a ações estanques, que ocorrerão e acabarão:
- Eu vou mandar o email para marcar a próxima reunião.
Olha como dessa vez nem dá vontade de agredir fisicamente o infeliz. Fica correto e muito mais simples. Mas parece que as pessoas se esforçam em conseguir estas construções fantásticas, operadoras de telemarketing, então, nem se fale:
- Eu vou "estar te transferindo" pro setor responsável e você pode "estar perguntando" para os nossos atendentes quando vai "estar vencendo" a sua fatura.
O Troço impregna na sua cabeça, daqui há pouco você mesmo está pensando:
- Que vontade de "estar mandando" esta criatura ir "estar catando" coquinho nos quintos do inferno.
Outro que me irrita profundamente é o "a nível de". Parece que foi convencionado em acordo internacional: toda frase iniciada por "a nível de" exprime um profundo conhecimento filosófico ou de causa desde que acompanhado de entonação marcante, expressões faciais e gesticulação braçal intensa:
- Eu gostaria de lembra a todos que, a nível de...
Enfim, todo idiota metido a inteligente vai parar uma palestra, reunião ou evento parecido para introduzir uma nova idéia, que ele leu não sabe onde, não sabe por quem e nem tem nada a ver com o contexto atual. Mas o "a nível de" legitima qualquer iniciativa de se exibir ou de parecer inteligente em público.
Para que ninguém ache que eu sou contra a elaboração linguística e a favor da "xulice falada", vou desferir golpes não menos intensos no "tchau-tchau". Você liga para empresas grandes, fala com gerentes de TI, de áreas estratégicas de negócios, fala de assuntos importantes escolhe palavras para dialogar com pessoas de tamanha importância, no final, o cara se despede com um "tchau-tchau". Eu ficaria satisfeito com um "tchau" apenas mas, será que tchau é igual lâmina de barbear: a primeira faz tchan a segunda faz tchun e... tchan-tchan-tchan-tchan. Já pensou na hora que descobrirem que já inventaram o barbeador de 3 lâminas e quiserem aplicar a mesma regra ao tchau?
- Tudo bem, aguardo novo contato. Tchau-tchau-tchau.
Saco isso né. Mas espero que o texto de hoje sensibilize as pessoas. Os vícios linguísticos são tão devastadores que mereciam campanhas na TV.
- Evite o primeiro "a nível de" um vício começa com o primeiro uso.
- eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando... Até quem vende bala em ônibus sabe falar corretamente. Aprenda a usar o gerúndio e evite "estar sendo transferido" para o olho da rua.

Valeu gente!!!

ps: "A nível de" sugestões ou críticas você "pode estar deixando" o seu comentário. Tchau-tchau.

domingo, 28 de setembro de 2008

10 milhas é milho

Antes que você pergunte, 10 milhas corresponde a 16.090 metros. Algumas pessoas te olham como se você fosse um extraterrestre quando você diz que vai correr isso tudo. Outros acham que você simplesmente não vai conseguir. Você diz que está acostumado, que sempre corre na praia mas mesmo assim te olham com aquela cara de "pode deixar, eu vou no seu enterro".
Chamei um monte de gente pra ver a largada. Todo mundo aceita, mas na hora que pensam em acordar cedo no domingo...não foi ninguém. Entre saber se você realmente vai aparecer lá pra correr e ficar em casa babando o travesseiro, o travesseiro sempre ganha.
A corrida começou às 9 h em ponto. Você deve ter me visto na TV. Eu estava de boné e óculos escuros, filmado pelo helicóptero, podia ser qualquer um, mas era eu. O dia estava ótimo pra correr. O tempo nublado, sem sol e sem chuva. Mesma sensação de correr com o ar condicionado ligado.
Saimos de Camburi, atravessamos a ponte, praça dos namorados, Assembléia legislativa, palácio do café. Até ai a corrida é só alegria.
(Percurso da prova - http://www.garoto.com.br/site/site_bra/mini_sites/dezmilhas/sections/mapa.php)
Quando chega a terceira ponte, a coisa fica tensa. Aquela subidinha mata qualquer um. O Massariol me falou isso, ele cansou na subida da ponte. Parou e foi andando. Veio um velhinho, bem velhinho correndo bem devagarinho e passou ele. Eu achei que comigo seria diferente, de certa forma sim. Foram duas gordas que passaram por mim. Cada uma, o dobro da minha largura. Eu decidi que terminaria a prova no balão de oxigênio mas não aceitaria aquilo. Se eu tivesse me preparado um pouco melhor... Um pouco de fôlego vale mais do que um monte de ego...
Depois vem a decida, mas dali pra frente você já não é mais o mesmo. Quando vai chegando no final da Praia da Costa, já em Vila Velha, vem a galera da Marinha do Brasil. Ao longe você ouve os caras cantando e batendo palma. Daqui a pouco "ao perto", logo atrás de você e quando menos espera, te passam. Eu até tentei acompanhar, mas a perna não obedecia mais.
Começa a faltar gás e motivação pra chegar ao final. Eu comecei a pensar um copo de cerveja bem gelado me esperando na chegada, lembrei da lei seca e da multa. Chegando na Henrique Moscoso os moradores estão gritando:
- vai que você chega, está perto!!!
- não desiste não, corre que você chega
Realmente eu olhei pra frente e parecia que todo mundo tava andando na minha frente. Pensei, vou correr e passar todo mundo. Cadê que corre? continuei no mesmo passo de antes, torcendo pra não desanimar de novo. Mas realmente faltava pouco. Foi dobrar a última curva e ver a linha de chegada a frente, tudo mudou. Não sei se era a palavra "CHEGADA" ou o enorme Baton de chocolate acima. Parece que te puxa, que te atrai. Fiz a prova em 1 h e 41 m, fiquei em 1671 de 2444. O último lugar chegou em 3 h 18 m. Mas chegou! E você que nem correu?
(classificação oficial, meu número 4147 - http://www.garoto.com.br/site/site_bra/mini_sites/dezmilhas/sections/resultados.php)
Ano que vem estou lá de novo, vão?

domingo, 21 de setembro de 2008

Tá certo ou tá enjambrado?

Outro dia eu chego no self-service pra almoçar e o que eu encontro? Camarão com chuchu. Tem cabimento? O IBAMA tinha interditar o restaurante e dar uma surra em quem faz uma sacanagem dessas. Deveria, inclusive, ter uma lei punindo esse tipo de desperdício. Camarão tem que ir pra mesa num bobó, risoto, com catupiri, moqueca...
Enjambrar é fácil, desenjambrar, nem sempre. Tem um monte de coisas enjambradas por aí a fora que você acostuma e nem percebe que está torto. Sabe esta história de chamar mulher bonita de avião? Tudo por causa de uma música de Tom Jobim chamada Triste. Olha só que rima "triste":
- sua beleza é um avião, demais pra um pobre coração.
O cara veio rimando solidão, paixão, avião e coração. Dá até um frio na barriga pensar que uma outra palavra terminada em "ão" poderia ter sido usada. Mas a "bola da vez" foi o avião.
Mesma sorte não deu a musa daquela pérola da música sertaneja. "Esperando na Janela", de Cogumelo Plutão. Olha isso:
- Você é a escada da minha subida, você é o amor da minha vida.
Na boa, dos riscos de tomar pedrada, o menor. Imagina a cena: você andando calmamente e aquele mulherão, de parar o trânsito, vem passando. Você olha pra ela e diz:

- Uou! essa mulher é um avião!
Ou você seria inoportuno ao ponto de exclamar:
- Você é a escada da minha subida!
Uma vez eu voltava de São Paulo pra vitória. Sentado na poltrona do corredor, do outro lado, um cara de quase 2 metros de altura e uns tantos de circunferência. Não sei precisar ao certo as medidas, mas o que o cara tinha de grande, ele tinha de gordo. O único jeito dele "caber" no acento era reclinando o pouco que a cadeira permite. Realmente, até hoje, eu não vi diferença entre a cadeira na posição vertical ou reclinada. Deu o momento da decolagem, a aeromoça foi pedir educadamente ao cidadão em questão para colocar a cadeira na posição vertical. Ele tentou argumentar, ela não aceitou. Eu vi que a parada ia terminar em barraco, os dois tinham suas razões e ambas, forte o suficiente. Acabou que o cara fez o que qualquer pessoa de juízo teria feito: prendeu a respiração, colocou a cadeira na posição de decolagem, esperou a aeromoça sair de perto, voltou a cadeira pra posição reclinada e pronto!
Já comeu caranguejo alguma vez? De cara eles te dão um martelo de madeira. É muita força pra pouco resultado. Falta pouco suar. Os orientais têm por filosofia não agredir o alimento durante a refeição. Por isso as peças de Sushi e Sashimi do restaurante japonês já vem cortadas do tamanho certo e você come de Hashi (palitinho). Imagina o que deve ser isso aos olhos orientais: você saindo na porrada com o caranguejo.

Existem coisas que enjambram quando são usadas de forma errada, na hora errada ou no lugar errado. Na guerra do Golfo, por exemplo, os americanos tiveram que fazer ajustes nos uniformes dos soldados. As botas foram desenhadas para a guerra do Vietnã, e por isso, tinham furos para sair a água dos rios e terrenos alagados daquele país. Ao enfrentar o deserto, as botas enchiam de areia e dificultavam a progressão do exército. O melhor exemplo, no entanto, foi quando o governo do estado resolveu construir os colégios Polivantes, no início da década de 80. O projeto foi copiado de algo que dava muito certo nos Estados Unidos. A escola era construída com um pátio interno para ser mantida aquecida, apesar dos ventos gelados e as janelas abriam na vertical, para que a neve escorresse por ela e não acumulasse. Como sempre acontece com as obras públicas no Brasil, esqueceram de licitar a neve e os ventos gelados, logo, os colégios polivalentes fazem um calor insuportável. Principalmente na cidade onde eu morei, no interior do Espírito Santo. Lá só tem três estações: a do trem, o inferno e o verão.
Como dá pra perceber essa discução dá pano pra manga. Mas um negócio que me deixou bolado foi quando eu comentei sobre a música do Jobim, não lembro com quem, e o cara falou:
- Tá enjambrado não, tá certo. O Tom não foi gênio por acaso. Ele sabia o que tava falando...
- É mesmo? Por que você acha isso? perguntei
- Bicho, mesmo os aviões tem lá seus pneuzinhos.


Concertou? Sei lá, acho que enjambrou de vez...

domingo, 14 de setembro de 2008

Megalomaníaco!?!? Eu!?!?

Ninguém se acha megalomaníaco. Ninguém escolhe ser. Mas um dia você descobre que é, e daí? Por um lado, há um certo alívio. Explica parte das cagadas que você fez ao longo do tempo. Por outro você vai ter que aprender a conviver com ela.
A prova mais cabal da minha veio na aula de Administração Geral. Já ouviu falar em Pirâmide de Maslow? Elenca as necessidades humanas das mais básicas às mais "sofisticadas". Começa com as fisiológicas, segurança, passa por sociais e de estima e culmina na auto-realização.
Eu olhei aquele quadro e não me vi. Este é o primeiro sintoma da megalomania: Os padrões universais nunca servem pra você. De fato, o megalomaníaco obsessivo-compulsivo só vê um ponto da pirâmide: Auto-realização. Foi nessa hora que eu lembrei de Cazuza e aquela refrão começou a tocar no fundo da cachola: "...meu heróis morreram de overdose...".
Os meus heróis também não se veriam no esquema. Acho que nenhum deles morreu de causas naturais. Nunca vou esquecer o Steven Tyler (vocalista do aerosmith), quando perguntado a respeito do sucesso avassalador da banda e a quase aniquilação dos componentes, ele respondeu: "É impossível criar sem se auto destruir". Meu olho até brilhou na hora.
Eu achei que fosse conquistar o mundo com um site de negociação de mármore e granito. Não foi difícil convencer um monte de gente que a minha idéia era boa. Montei uma empresa, consegui subsídio do centro tecnológico do setor, até do maior provedor de acessos do estado, a extinta EscelsaNet. Os parceiros fariam aportes econômicos e financeiros pra alavancar o negócio. A idéia era após um ano fazer o site ter receita suficiente para pagar lucros aos parceiros. É claro que não deu certo, né! Na época todo mundo achava que ia dar. Assisti uma palestra uma vez (uns 2 ou 3 anos depois do naufrágio) o cara mostrando a quantidade de empresas que surgiram e acabaram na mesma corrida pelo El dourado (pobres megalomaníacos, se ferraram e eu também).
A auto realização inverte a pirâmide, do contrário, a anorexia não ia matar ninguém. O Michael Jackson teria parado de fazer cirurgias plásticas enquanto ainda tava parecido com um ser humano. O Ronaldinho teria encerrado a carreira enquanto ainda tinha joelho e o Airton, parado antes da Tamburelo. A megalomania é exponencial. Tende ao infinito. Primeiro você quer fazer algo bem feito. Depois quer ser o melhor da sua rua, da sua cidade, do seu pais e quando conquista o mundo, até o mundo fica pequeno demais pra você.
Eu conheço um monte de megalomaníacos. Logicamente, nenhum tão bom quanto eu. Este é outro sintoma, a megalomania alheia sempre parece "fichinha" diante da sua. O único que eu "respeitava" era o Guilherme. Não dá pra falar sobre este tema sem falar dele. Nunca vou esquecer quando ele disse: "Eu me achava muito presunçoso, agora me acho perfeito". Passei algum tempo refletindo sobre o assunto e acabei tendo que reajustar os meus conceitos pra poder competir com a dele. (A gente era adolecente, me dá um desconto também né!!!). O cara casou, teve filhos e, segundo ele, deixou a "mania de grandeza" de lado.
Talvez Maslow esteja certo. Faça uma base larga e sólida e vá subindo aos poucos. Cuide bem de si, dos outros, do ambiente e mesmo que ninguém diga, um dia todos reconhecerão o seu valor. Estou nessa fase agora de querer tudo a seu tempo, dar valor às coisas simples. Estou gostando, espero que dure. Dure pelo menos até eu ter outra idéia mirabolante pra conquistar o mundo....

domingo, 7 de setembro de 2008

Ela disse, Ele disse...

Ele a viu saindo do metrô. Foi atrás. Se apresentou, gastou seu melhor português, seu melhor trejeito, sua melhor cantada.
Ele disse: Vamos jantar?
Ela disse: Vou pensar.
Ele disse: Posso te ligar?
Ela disse: Não tenho celular.
Ele disse: msn, email, telefone de casa ou trabalho?
Ela disse: não vou te dar...
Ele disse: como faço pra te achar?
Ela disse: sei lá....

Ele recuou mas não desistiu. Talvez uma outra oportunidade. Ele se despediu e saiu.
ela disse: sempre passo por aqui neste horário.
ele disse: amanhã te espero aqui.

Ele a encontrou de novo, telefonaram, marcaram sairam. No meio do jantar, resolveram beijar e ai rolou o clima.
Ele disse: vão pra outro lugar?
Ela disse: que outro lugar?
Ele disse: minha casa ou sua casa?
Ela disse: eu pra minha, você pra sua.
Acabaram indo mesmo pra casa dele.

Ele disse: adorei a noite.
Ela disse: você ronca.
Ele disse: eu te amo.
Ela disse: eu te ligo.

Ligar, ligou. sairam de novo, muitas vezes. Ele achou que era o momento.
Ele disse: você é a mulher com quem eu sempre sonhei.
Ela disse: não durmo direito a noite.
Ele disse: Quer casar?
Ela disse: não vai dar.
Ele disse: Por que será?
Ela disse: Homem só serve pra trocar móveis de lugar.
Ele disse: por que aceitou sair?
Ela disse: pra distrair
Ele disse: Você não é nada do que eu pensei!
Ela disse: Eu sei.
Ele disse: Então pra mim não dá mais!
Ela disse: Vai em paz!
Ele disse: Você é sempre assim?
Ela disse: tudo tem um fim. Adeus...
Ele disse: graças a Deus.




domingo, 31 de agosto de 2008

Lição de Ouro

Depois que o Galvão já entrou em todas as controvérsias e os apaixonados de plantão já deram suas louváveis opiniões, vou voltar ao tema: Olimpíadas. Diferente do que rolou por aí, vou me ater apenas aos fatos e deles extrair as lições.
Alguns ouros vieram, outros fugiram, lágrimas e lamentos ecoaram. A frustração não é só do atleta mas de toda a nação: Por que o ouro não veio? Primeira lição:
O importante é competir. Parece discurso de derrotado, mas para competir, é preciso ser competitivo. Merecer o topo do podium olímpico é um privilégio de poucos. Conquistá-lo e ainda mais difícil.
E se ouro lhe escapa entre os dedos? Resolve alguma coisa vir a público pedir desculpas? Segunda lição: Os heróis se esforçam para acertar,
mas reconhecem quando erram. Em um país onde o descaso e a corrupção já bateram recordes muito acima dos olímpicos, por que ninguém aparece na TV para chorar a culpa das calamidades ocorridas recentemente? As crianças que morreram de infecção hospitalar na Santa Casa de Belém, por exemplo. O diretor do hospital pediu demissão, os médicos entraram em greve e ninguém chora. No Rio de Janeiro, antes das Olimpíadas, o descaso com o combate à dengue levou até o Diego Hippólito pra cama por uns tempos. Cadê os heróis da saúde pra dizer que fizeram o possível mas não conseguiram evitar o pior?
E quanto a você? Anda ganhando o "ouro olímpico" das suas realizações pessoais? Anda chorando o choro dos campeões que "quase" ou está com o velho discurso do derrotado: "preciso de um aumento de salário", "as coisas nunca dão certo pra mim", "faltam oportunidades no mercado". Terceira lição: A medalha premia o resultado, o reconhecimento premia o esforço. Ninguém para pra ouvir "chororô".
Agora vem as eleições municipais. Ao contrário das Olimpíadas, onde é preciso ser o "top", a corrida eleitoral é encabeçada pelos mentecápitos e ridículos. Por que não aplicamos o "rigor olímpico" aos "pedintes de votos" com seus discursos batidos, mendicantes:
- Eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando, mas estou pedindo o seu voto.
- Conheça o passado do seu candidato. (porra, como se faz isso??)
- É preciso renovar! (discurso dos aspirantes a bandido)
- Tenho experiências de X mandato(s) (discurso dos bandidos profissionais)
- Sou honesto. (honestidade não é virtude, é pré-requisito pra se viver em sociedade)
Honesto, trabalhador, competente, todo mundo tem que ser. Para liderar a evolução social é preciso um pouco mais: saber quais os desafios a serem enfrentados e ter estratégias para isso. Estabelecer prioridades. Mesmo assim, o risco das coisas não darem o resultado planejado deve ser considerado.
Para os candidatos a "super-vereadores", vale lembrar que a lei orçamentária é de iniciativa do Executivo. Não adianta nada ir pra TV dizer que saúde, educação, segurança, transporte são as suas metas. Precisa conhecer os planos de governo dos candidatos a prefeito, dele sai o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e finalmente, a Lei Orçamentária Anual. Os percentuais de gastos com funcionalismo público e com as principais áreas de atuação do estado estão definidos na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ninguém pode apelar pra competência sem conhecimento técnico. Boa vontade ajuda, mas não "ganha medalha".
O que é mais importante para o país, o orgulho olímpico ou reverter o caos social no qual estamos imersos? Por que cobramos mais dos atletas do que dos políticos? Por que cobramos mais dos outros do que de nós mesmos? Esta é a mais triste de todas as lições: Cobramos de quem acreditamos que pode dar resultado. Nas sábias palavras de Fábio Vial: "Ninguém chuta o morto".
Acho que acostumamos a correr atrás. Temos a maior carga tributária do mundo e não temos serviços públicos dignos. Corremos atrás de plano de saúde porque a saúde pública está sucateada. Corremos atrás de educação privada porque a educação pública não prepara para o vestibular. Corremos atrás da segurança particular porque não dá pra contar com a polícia. De tanto correr atrás, esquecemos a lição de ouro: O Ouro é pra quem corre na frente.

Vou nessa, tenho que correr atrás também. Inté!!!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Faz direito, cara

Assim como não dá pra fazer omelete sem quebrar os ovos, não dá pra passar em concurso público sem estudar direito. Não estou falando em estudar muito, de forma dedicada e tals. Estou falando de legislação e o que lhe é relacionado. Dai começam os problemas: Eu sou canhoto, tô mais pro errado que pro direito.
Depois de muito relutar, resolvi me enveredar por este mundo sombrio. De experiência própria, aquilo é pau de dar em doido. Mas aconselho todo mundo a entenderem um pouco de constitucional. Pelo menos saber o que é Habbeas Corpus, vai te valer quando você for em cana.
Para ajudar os pobres mortais, como eu, a desmistificarem a insondável área jurídico-legislativa, criei uma relação de princípios do direito. Devidamente deturpados, é claro:

1) Princípio da Legalidade: Faça o que tu queres pois é tudo da lei.
O Raul tentou seguir este ao pé da letra mas não durou o suficiente pra contar a sua experiência.

2) Princípio da Impessoalidade: conte o milagre mas não fale o nome do santo.

3) Princípio da Moralidade: Lembra aquele vídeo da Cicarelli? Pois é, viola este princípio.

4) Princípio da Publicidade: Se você ficar com esta cara, todo mundo vai saber quem peidou.

5) Princípio da Eficiência: o pato é o único animal multi-tarefa que existe: anda, nada e voa. Anda mal, nada com dificuldade e não consegue voar direito.

6) Princípio da Razoabilidade: O piti deve ser compatível com o tempo que a musiquinha ficou tocando antes da atendente dizer que não tem como resolver o seu problema.

7) Princípio da Proporcionalidade: Beba a mesma quantidade que o seu namorado e traia ele com um cara tão feio quanto a mulher que ele pegou.

8) Princípio do contraditório: Toda argumentação iniciada por "calma meu amor, não é nada disso que você está pensando" ou "meu amor, eu posso explicar" vai acabar em contradições e argumentos que não convencem ninguém.

9) Princípio da Ampla Defesa: A mulher passa a noite fora. O marido pergunta com que ela esteve. Ela responde que passou a noite na casa da melhor amiga. Ele pega a agenda e liga pras 10 melhores amigas dela. Todas negam que a tenham visto. Pra se vingar, o cara passa a noite fora. No dia seguinte a mulher pergunta onde ele esteve. Ele disse que dormiu na casa do melhor amigo. Ela liga pros 10 melhores amigos dele. Todos confirmam a história. Na teoria este princípio não faz distinção de sexo. Mas está claro que só funciona para os homens...

10) Princípio da Isonomia: Não existe homem grande e forte perante um baixinho com uma metranca na mão.

11) Princípio da Reciprocidade: A sacanagem é uma via de mão dupla.

12) Princípio da Inexigibilidade: Ninguém é obrigado a gerar provas contra si mesmo, portanto, não leve câmera fotográfica para boate, despedida de solteiro, churrasco de reencontro da turma da faculdade...

13) Princípio da simetria: Chumbo trocado não dói.

14) Princípio da Analogia: Não peça explicações ao Lula. Ele provavelmente vai fazer uma comparação com algo que não faz o menor sentido.

15) Princípio da separação dos poderes: Diga à sua mulher que prefere jogar bola com os amigos à sair com ela pra comemorar o aniversário de casamento. Não só os poderes, mas principalmente os bens entrarão na partilha.

Ah! Antes que eu esqueça: FORA DUNGA!!!!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sabe por que Canguru?

Pior que não entender é achar que entendeu. Você fala alguma coisa, o cara jura que entendeu, depois sai por aí falando que você disse isso ou aquilo. Muitas vezes, as pessoas não dão a devida atenção ao que ouvem e acabam interpretando errado. Olhe só esta frase:
- Meu sonho é entrar no Mar Morto.
Basta colocar uma vírgula no lugar errado e olha o que acontece:
- Meu sonho é entrar no mar, morto.(macabro!)
Eu lembro, tinha acabado de trocar o meu Fusca em um carro de verdade. Tava me achando. Convidei uma gata pra sair. A gente parou pra ver a lua, no rádio, Cidade Love Songs. Parecia perfeito. Começa a tocar uma música lentinha do Scorpions: Under the Same Sun (Sob o mesmo sol). Ainda que pareça a música ideal para embalar os corações apaixonados, olha o que diz o primeiro verso: "I saw the morning it was shattered by a gun" (Eu vi a madrugada, ela tinha sido devastada por uma "metranca"). O resto é bem pior. Fala dos horrores da guerra e lamenta que as pessoas não consigam se entender. Mas se ninguém entende nem o que tá sendo dito na letra, o que esperar daí pra frente? Vai pelo som, ritmo, acaba rolando uns beijos apaixonados e ainda corre o risco dela te olhar e dizer:
- Nossa, que música linda, né!?!?

Por falar em "metranca", Lembrei do Guns N' Roses. Os metaleiros adoravam sair na porrada ao som de "Sweet Child o' Mine" (A doce garota é minha). "She's got a smile that it seems to me Reminds me of childhood memories" (Ela sorri de um modo que parece pra mim. Me lembra meus tempos de criança), não parece o combustível ideal pra motivar alguém a "partir pra ignorância". Temos uma madrugada devastada que inspira noites românticas e uma doce menina que causa reações brutais. Estranho? Visto por esta ótica, sim.
A essas alturas você deve estar pensando: "o que isso tem a ver com Canguru?". Na verdade, tudo. Relação intima e direta. Mas vamos voltar algum um pouco no tempo e você entenderá o que eu quero dizer.
A esquadra inglesa chega ao continente Australiano. Descobre um mundo novo e exótico. Os tripulantes se maravilham com uma flora e fauna nunca dantes vista. Na hora de voltar pra Europa, resolvem levar uns bichinhos para mostrar em seu país. Quando todos pareciam prontos pra zarpar, um dos marinheiros pergunta:
- Capitão, como é o nome deste bicho?
O capitão pensa um pouco, coça a cabeça e depois responde:
- Não sei, acho melhor perguntar aos nativos.
Voltam à terra o capitão James Cook e o naturalista Joseph Banks empenhados em descobrir a valiosa informação. Vamos reproduzir, de forma ilustrativa, o que teria sido o diálogo entre eles e os aborígenes:
- Hi, Could you tell me the name of this beast? (Capitão)
(Oi, vocês poderiam me dizer o nome deste bicho?)
- Kangaroo... (aborígenes)
- You mean, Kangooroo? The name is Kangooroo? (Capitão)
(você disse Kangooroo? O nome é Kangooroo?)
- Kangaroo, Kangaroo... (aborígenes)
- I think, I got you Kangaroo, Kangaroo, Right? (Capitão)
(Acho que entendi, Kangaroo, Kangaroo, certo?)
- Kangaroo, Kangaroo... (aborígenes)
- Thank you! (Capitão) (obrigado)
Algum tempo depois os ingleses voltam e colonizam o referido continente. Aprendendo a lingua aborígene descobriram o pequeno engano cometido no passado. Os nativos diziam o tempo todo: "Não entendi o que você disse".

entendeu? Acho melhor ler de novo...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Frases

O lado bom do msn é você poder expressar, em uma única frase, toda a profundidade de sua vã filosofia. Eu sempre uso frases autorais. Essas pérolas que eu mesmo crio são objeto de comentários do tipo: "de onde você tirou esta idéia?", "o que você quis dizer com isso?" ou "Tá ficando doido?".
Resolvi compilar aqui algumas das mais memoráveis. A utilização das mesmas está autorizada, desde que citada a fonte. Coloquei comentários nas que eu acho mais pertinentes. A ordem das frases não respeita cronologia, sequência de pensamento, popularidade ou qualquer lógica intencional.

1) Pergunte ao eco, ele responde
Algumas pessoas se consomem em dúvidas. Passam anos em meio a terapia, análise, camisa de força. As suas respostas estão em você. Pergunte ao eco....

2) Nada é tão importante que não possa ser deixado pra amanhã.
Se você vive stressado, achando que o dia precisaria ter 25 horas e que os dias da semana não são suficientes para fazer tudo que você precisa, talvez esteja virando um workaolic (viciado em trabalho). Se você só acessa este blog de casa e fora de horários de expediente, você deveria procurar tratamento especializado. Mas, se como quase todo mundo, você tá dando uma "matada" no serviço pra ver coisas inúteis na Internet, relaxa. Você ainda tem salvação.

3) se as verdades são relativas, por que as certezas tem que ser absolutas?
No dia que você entender essa, pode se considerar uma espécie de "Einstein". Só não espere ganhar o Prêmio Nobel.

4) Dai a Cezar o que é de Cezar e pra mim uma bem gelada.
Depois de um certo tempo você não vai mais lembrar quem é cezar e vai beber mesmo que não esteja tão gelada assim.

5) Se fosse fácil, alguém já teria feito.
Não entendeu? Pense mais um pouco, reflita. Não posso entregar tudo de bandeja. Se algum dia chegar a uma conclusão me fale. Só te adianto uma coisa: Se fosse fácil, alguém já teria feito.

6) Se a física não tem química a matemática não fecha.
Não entendeu?? Acha que esta frase está associada à interdisciplinaridade inerente ao meio acadêmico?? apenas um conselho: Deixe de ser virgem urgentemente.

7) Não vos preocupeis com o dia de amanhã, bebe mais uma hoje
Própria para os dias da lei seca. Seu carro vai ser apreendido, pontos na carteira, multa. Mas e daí?

8) O quadrado é mágico mas a bola é redonda.
Homenagem ao fiasco que a seleção de Zagalo (a múmia) e Parreira (o jegue) fez na copa de 2006. Os caras conseguiram provar uma das teses da administração: é melhor ter pessoas motivadas do que os melhores do mundo.
Alguém da CBF deveria perceber que se os argentinos terminaram o último jogo gritando: "fica Dunga!" é por que algo muito errado está por vir. Espero não ter que criar uma frase para o "burro falante". Ele já está no desenho do Sherek.

9) procurei o melhor, esperei o pior e acabei na mesma
Eu cobro muito os resultados de mim. Isto é meio cruel.
Talvez eu precisasse ser um pouco mais conformado com as coisas. A quem eu estou tentando enganar? Nós sabemos que isto não vai acontecer...

10) Se só os mais fortes sobrevivem, por que existem borboletas?
Antes de transformarem a Mariah Carey em uma boneca inflável ela era muito melhor. Nesta fase de letras fúteis, roupas vulgares gritaria eu deixei de acompanhar a carreira dela. Gritar não leva ninguém pro céu. Esta dica serve pra algumas igrejas de beira de rua também.

11) Que tipo de conspiração é essa que não me chamam pra tomar parte?
A Lorena em sua incansável luta para defender o Leoni lembrou de "Conspiração Internacional". Boa letra. Eu gosto de Leoni
. Principalmente quando ele não comete nenhuma "pala-gay". A letra é a cara da Andréia...

12) Sonhe com o possível, aceite o que a vida te der e morra de tédio
Fica parado no meio da rua sem falar nada, sem fazer nada. Vai passar alguém pra te pedir dinheiro, outro pra te assaltar, no mínimo vão te passar a mão na bunda. As coisas boas não te escolhem, as ruins sim. Você tem que escolher as coisas boas e correr atrás delas. Não fique aí esperando. Dá seus pulos!!!!



segunda-feira, 28 de julho de 2008

Parada Gay

Outro dia o Laércio veio reclamar que a toalha de rosto do banheiro não era trocada há, pelo menos, 2 semanas. O cara vem trabalhar de camisa rosa, vive querendo colocar uma coisinha coloridinha nas telas dos sistemas, mas nesse dia ele passou dos limites:
- Laércio, vem cá, você é boiola? Só falta dizer que olha prazo de validade em produto de supermercado.
O cara se ofendeu. Olhar prazo de validade é algo que nenhum macho convicto assume que faz. Foi o que redimiu o cara.
Está no texto constitucional, ninguém é obrigado a gerar provas contra si mesmo.
Mole, depois de dado, já era, nunca mais conserta. Seja discreto, ninguém percebe. O Ronaldinho, por exemplo, tentou ser discreto. Acabou sendo discreto como um elefante na loja de cristais.
Eu vou me ater a paradas ocultas, bem camufladas. Aquelas difíceis de desmascarar, exigem um certo olhar clínico. Já parou pra pensar no refrão daquela música do Kid Abelha:
- Fazer amor de madrugada. Amor com jeito de virada...
Virada? pra rimar com madrugada? Será apenas uma rima "enjambrada"? eu não seria tão otimista. Parece que em determinado momento um vai olhar pro outro e
dizer: "agora é a minha vez" e nesse momento, rola a virada. Um casal hétero não tem esse tipo de versatilidade.
O Leoni ficou no meu caderninho. Na época ele namorava a Paula Toller, os dois fizeram a letra juntos, parecia um álibi perfeito. Veio o fim do namoro, ele saiu da banda e se juntou aos Heróis da Resistência. Ai foi a vez de Dublê de Corpo.
Olha esse refrão:
-Foi tanta força que eu fiz por nada, pra tanta gente eu me dei de graça
.
Você vai achar que eu tô de implicância com o cara. Não é não. Pra provar que não há nenhum tipo de "forçassão" de barra, vai mais pra frente na letra:
-Se você ainda acreditar, eu prometo dublar o seu corpo.
Agora imagina a cena: dá pro cabra ser dublê de corpo da mulher? Agora dá uma "virada" e imagina a mulher dublando o corpo do homem. Ele tinha outras opções, não precisava entrar nessa dividida.
Um que nunca tentou enganar ninguém foi o Renato Russo. Ele assumiu que gostava de "meninos e meninas" e não tava nem ai pra isso. Você tem que dar o braço a torcer, o cara sabia bem o que fazer com as palavras. O que ele fazia com outras coisas, é "coisa" dele. Só não da mole de pegar determinadas letras. "O mundo anda tão complicado" é um exemplo. A música fala de um casório gay: -Me empresta um par de meias...
Está longe de ser conversa de um casal hétero. Se não fosse o pé da mulher ser tamanho 35 a 37 e do homem 38 a 40 (na maioria dos casos) inda tem o modelo. O cara vai trabalhar de meia rosa de florzinha?
Mesmo por trás da inocência das musiquinhas de Natal se escondem paradas altamente boiolantes. Talvez pra lembrar todos os moles de um ano inteiro e que ninguém percebeu, você faz aquela cara de alma caridosa e se pôe a cantar, esta, que é o melô do créu reverso:

- Quero ver você não chorar, não olhar pra trás nem se arrepender do que faz. Quero ver o amor vencer mas se a dor nascer você resistir e sorrir...

Xiiiii.... Deu mole...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Tomates, Torradeiras e Guarda-chuvas

O Hélio é o cara. Quando eu converso com o Hélio eu me sinto meio tapado. Não que eu ache isso ruim, pelo contrário, é bom saber que existem pessoas mais alucinadas do que eu.
Outro dia eu sai do trabalho, passei no mercadinho perto de coisa e, dentre outras coisas, comprei tomates. Coloquei os tomates no banco do carona, na frente. Do mercadinho lá em casa, não parei em lugar nenhum. Estacionei na minha vaga e subi levando tudo comigo. Abri a porta coloquei as coisas na cozinha, tomei banho e tals.
-Bem agora vou jantar, penso eu
Chego na cozinha o pão, a alface e o queijo estavam lá, mas, cadê os tomates? Primeiro procurei nos lugares óbvios, em cima da mesa, da pia, dentro da geladeira, nada. Fui lá no carro novamente refiz todo o meu trajeto, nada. Fui no meu quarto, no banheiro e em todos os lugares impossíveis e improváveis e, novamente, nada!
Me conformei em comer Hamburguer sem tomates naquele dia, mas fiquei meio bolado com o mistério. Propus a questão a diversos amigos meus, a maioria formada em ciências da computação e ciências afins. Achei que mentes capazes de lidar com lógica matemática e acostumadas a ver coisas improváveis acontecerem o tempo todo poderiam lançar uma hipótese sobre o mistério. Ninguém arriscou um palpite.
Neste momento chega o Hélio, ele parou um pouco distante e ficou prestando atenção. Quando percebi o interesse meio tímido dele, chamei e recontei a história. Ele ouviu atentamente, no final parou e olhou em direção ao vazio por alguns instantes. Logo em seguida ele começou sua linha de argumentação:
- Alessandro, você já perdeu um guarda-chuvas?
-Vários... (eu)
- Conhece alguém que já perdeu um guarda-chuva? (ele)
- Sim... Diversas pessoas.
- Otimo! Já achou um guarda-chuva alguma vez? (ele)
- Não... (eu)
- Conhece alguém que já tenha achado um guarda-chuvas? (ele)
- Não... (eu) (pra falar a verdade, contei esta história algumas vezes e descobri uma pessoa que garante que sim. Mas acho que ela falou isso só pra quebrar a minha linha de argumentação).
- Se os guarda-chuvas são sempre perdidos e nunca encontrados, para onde eles vão? (ele)
Naquele momento eu me senti um perfeito otário. Como eu nunca pensei nisso? Eu poderia ter chegado a esta conclusão sozinho. Me tornei refém da minha própria história.
- Você diz que os tomates tiveram o mesmo destino dos guarda-chuvas? É um ponto de partida interessante. (eu)
- Sim (ele)
- O que você sugere: universo paralelo, extraterrestres, duendes... (eu)
- Nenhum desses. Torradeiras elétricas inteligentes. Tramam uma conspiração tão secreta que poucas pessoas conhecem... Nem mesmo o google trás referências sobre o assunto... (ele)
Alguns entusiastas afirmam que se uma informação existe ela está no google. Eu costumo dizer que se ela está no google, eu encontro. Realizei uma dúzia de pesquisas e realmente, o assunto é um "tabú", até mesmo no mundo digital.
Naquele momento eu já não sabia mais o que era mito, verdade, muito menos quem tava sacaneando quem. O que passou a importar é que estávamos diante de uma equação complexa, três variáveis: tomates, torradeiras e guarda-chuvas.
- As torradeiras parecem seres inofensivos, quase ninguém descofiaria delas, mas elas raptam os guarda chuvas que ninguém encontra e os utiliza no seu maléfico plano de conquistar o mundo...(ele)
As reticências nos trechos acima revelam meu profundo cagaço diante da situação. Na verdade ele falou bem mais do que isso, mas eu temo que as torradeiras queiram se vingar de mim por revelar tudo que eu sei. Dentre outras coisas pensamos em criar uma sociedade secreta (tipo Prioridade de Sião) para estudar o fenômeno e manter o mundo a salvo. Uma ONG também, para reconduzir os guarda-chuvas aos seus legítimos donos.
Para minha sorte, nenhum dos dois vingou. Se o André ler este texto, ele vai acabar querendo colocar um sensor nos guarda-chuvas que dispare quando estes forem esquecidos. Parece que eu to vendo ele dizer: "é simples, um sensor no guarda-chuvas e um no chaveiro do cara. Se ele se afastar por xis metros do guarda-chuvas, um alarme dispara". O André é um tema a parte.
Dali pra frente passei a vigiar melhor os meus tomates e as torradeiras nunca mais os sequestraram. Só teve uma vez que o empacotador do super mercado pendurou as uvas no carrinho e eu acabei esquecendo as uvas lá. Eu sei que eu sou meio desligado mas eu já fui bem pior. De qualquer maneira, se alguém quiser montar uma sociedade secreta, pode me contactar. Em segredo...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Por que ter um blog?

Pra falar a verdade, eu nunca quis ter Blog. Nunca entendi pra que as pessoas escrevem em blogs. Mas justamente esta semana eu entrei no Blog da Lorena de Brasília(figuraça ela). Me despertou duas vontades: uma de tomar absinto a outra de manter um blog. Só quero ver quanto tempo isso dura.....
Não sou autoridade em nenhum assunto, não leio jornais e muito menos quero formar opiniões.
Eis a grande questão, sobre o que escrever? Parecia este ser um beco sem saída, mas na verdade, foi o grande ponto de partida. Durante muito tempo eu preferi guardar as minhas idéias só pra mim. Quantas coisas eu penso e não falo?
Estou com vontade de escrever. Não sei o que mudou nem se foi pra melhor ou pra pior. É apenas diferente. Temas? Se alguém quiser sugerir será muito bem-vindo. De um modo geral vou escrever sobre o que penso e não falo. Como a intenção deste texto é ser apenas uma apresentação, não espere ver aqui nada de polêmico, extraordinário, engraçado, contraditório ou simplesmente desbocado. Pelo menos neste momento é importante manter a linha.
O que vai acontecer daqui para frente é um grande mistério. Pode ser que eu atualize toda semana, pode ser que eu nunca escreva além do texto inicial mas o mais provável é que ninguém nunca leia. Mesmo assim eu vou encher o saco de uma galera pra que entre ao menos uma vez.
Se você for um dos agraciados a sugestão é simples: diz que leu, que gostou e faz um comentário genérico do tipo: "maneiro", "profundo", "polêmico". Eu vou acreditar que não estou escrevendo para o vazio.

Até lá