And the Oscar goes to...(E o Oscar vai para...) Confesso que dessa vez houve empate. O Marcolito ia ganhar disparado mas a Andréia não deixou. No último instante ela reagiu e os dois chegaram juntos. Lógico que o que significa junto pra mim ou pra qualquer pessoa normal é uma discrepância pro cartesiano fichado.
Lembra aquele filme, Sociedade dos poetas mortos? O Robin Williams entra na sala como professor de literatura inglesa e manda que os alunos leiam o primeiro capítulo do livro. Este explica como uma poesia deve ser criada para ser considerada tecnicamente perfeita. O dedicado professor desenha um gráfico no quadro e faz desenhos explicando a teoria em questão. Todo mundo toma notas do que ele diz, copia os esboços do quadro, no final, ele para o teatro e diz:
- Isto é uma palhaçada. Arranquem esta folha do livro.
Desde então todo mundo que tenta "plotar" coisas subjetivas ou que é muito certinho me lembra esta cena. Eu e Marcolito trabalhamos juntos no sistema de MRPI da Houston Bike do Nordeste. Depois de umas 30 teorias, fundamentos e conceitos do que é MRPI eu faço minha síntese:
- Isso aí é igual a um fluxo de caixa, só que aplicado à matéria-prima de indústria, certo?
Pra que eu fui falar isso. O tempo fechou.
- São áreas diferentes, conceitos conflitantes ...
O resto eu nem lembro, se é que eu prestei atenção. Eu sei fingir que estou prestando atenção e não ouvir nada do que a pessoa fala. Enquanto eu não falei o que ele queria ouvir ele não se convenceu que eu tinha entendido. Não só por esta, mas por muitas outras, eu achei que ele ganharia mole.
Era umas 2hs da manhã mais ou menos. Aniversário da Si. A Andréia chega pra mim:
- Alê, vão embora que eu tenho que chegar cedo no trabalho hoje.
- Tá, vão. Mas, como assim, hoje?(eu)
- É. Hoje. Já passou de meia noite. (ela)
- Mas eu não dormi ainda. Pra mim ainda é ontem.(eu)
Nem era tão tarde e nem a gente tinha bebido tanto. Vou iniciar uma discussão inútil por causa de disso? Se não for já é! Deixa arder!
Eu a conheci aquela noite, não tava acostumado ainda. Mesmo assim, Marcolito seguia impávido na liderança. Ela não ameaçava.
O jogo desequilibrou no dia que Andréia compra uma máquina de lavar roupa. Uma semana antes da máquina ser entregue ela baixou o manual na Internet pra ler em casa. Num país onde ninguém lê manual, ela não pode conter a emoção de esperar até sábado. E agora? como decidir uma peleja dessas?
Enquanto a disputa segue palmo a palmo, sem saber que estava sendo filmada, Patrícia entra no jogo pra levar a estatueta e deixar os outros dois na saudade. Que naturalidade, que talento, entrou correndo por fora e foi ao topo do Podium com apenas uma frase:
- Eu não falo gíria, sou advogada. Quem fala gíria é policial e bandido.
Marcolito, Andréia, e ai? Vão deixar barato?
domingo, 26 de outubro de 2008
domingo, 19 de outubro de 2008
É muito simples!
Um homem entra no departamento de trânsito de um estado americano. É um vendedor de tintas e o departamento, seu cliente do dia. Se aproxima da secretária e confirma com ela se seu chefe irá recebê-lo.
(No espaço, um astronauta orbita em torno da terra.)
Enquanto espera, ele percebe a irritação do chefe do departamento. Ele tem por meta reduzir 10% dos acidentes de trânsito em seu estado e não tem nem idéia de por onde começar.
(O astronauta pega uma caneta para fazer anotações.)
O representante vê que o momento não é oportuno e pede a secretária que o agende para o dia seguinte. Entra em seu carro e parte para atender o próximo cliente. Subindo uma lombada, quase bate de frente no carro que vinha no sentido contrário.
(Fora da gravidade terrestre, a caneta falha.)
Stressado, sai do carro e grita:
- Da próxima vez, fique do seu lado da estrada!
- Se você disser qual é o meu lado da estrada, eu ficarei, responde o outro.
Cada um entra em seu carro e segue o seu caminho. Já o viajante espacial testa várias canetas, e nenhuma "dá no couro". De volta a terra, todas elas funcionam normalmente.
Chegar a conclusão que se tem um problema é fácil. Mas e a solução, será que é fácil resolver?
O vendedor volta no dia seguinte e conversa com o chefe do departamento:
- Vamos pintar faixas nas ruas. Cada motorista deve se manter do seu lado da pista. Com isso, diminuimos o número de acidentes de trânsito.
O Chefe do departamento pensou um pouco e disse:
- Onde mais isto está sendo feito?
O outro respondeu:
- Ninguém está fazendo isto ainda. O Senhor será o pioneiro.
Foi um vendedor de tintas, que precisava bater sua meta de vendas do mês, o inventor do sistema de sinalização usado nas ruas e estradas do mundo todo. Ele enchergou uma oportunidade em seus contratempos do dia anterior.
Alguns anos e milhões de dólares depois os americanos anunciam ao mundo o seu feito incrível: a caneta espacial, capaz de escrever em ambiente de gravidade zero. Enquanto na primeira história uma idéia simples rende milhões de dólares, na segunda, milhões de dólares se transformam em fumaça. É aquilo que eu chamo de usar uma metralhadora pra matar um rato.
Foi a fase da história conhecida como Guerra Fria. Na corrida espacial, como em outras áreas, tudo que os americanos inventavam deveria ser superado pelos russos e vice-versa. Neste caso em particular, a única coisa que se ouviu do outro lado da "cortina de ferro" foram gargalhadas:
- a gente não precisa de caneta espacial, a gente usa lápis...
(No espaço, um astronauta orbita em torno da terra.)
Enquanto espera, ele percebe a irritação do chefe do departamento. Ele tem por meta reduzir 10% dos acidentes de trânsito em seu estado e não tem nem idéia de por onde começar.
(O astronauta pega uma caneta para fazer anotações.)
O representante vê que o momento não é oportuno e pede a secretária que o agende para o dia seguinte. Entra em seu carro e parte para atender o próximo cliente. Subindo uma lombada, quase bate de frente no carro que vinha no sentido contrário.
(Fora da gravidade terrestre, a caneta falha.)
Stressado, sai do carro e grita:
- Da próxima vez, fique do seu lado da estrada!
- Se você disser qual é o meu lado da estrada, eu ficarei, responde o outro.
Cada um entra em seu carro e segue o seu caminho. Já o viajante espacial testa várias canetas, e nenhuma "dá no couro". De volta a terra, todas elas funcionam normalmente.
Chegar a conclusão que se tem um problema é fácil. Mas e a solução, será que é fácil resolver?
O vendedor volta no dia seguinte e conversa com o chefe do departamento:
- Vamos pintar faixas nas ruas. Cada motorista deve se manter do seu lado da pista. Com isso, diminuimos o número de acidentes de trânsito.
O Chefe do departamento pensou um pouco e disse:
- Onde mais isto está sendo feito?
O outro respondeu:
- Ninguém está fazendo isto ainda. O Senhor será o pioneiro.
Foi um vendedor de tintas, que precisava bater sua meta de vendas do mês, o inventor do sistema de sinalização usado nas ruas e estradas do mundo todo. Ele enchergou uma oportunidade em seus contratempos do dia anterior.
Alguns anos e milhões de dólares depois os americanos anunciam ao mundo o seu feito incrível: a caneta espacial, capaz de escrever em ambiente de gravidade zero. Enquanto na primeira história uma idéia simples rende milhões de dólares, na segunda, milhões de dólares se transformam em fumaça. É aquilo que eu chamo de usar uma metralhadora pra matar um rato.
Foi a fase da história conhecida como Guerra Fria. Na corrida espacial, como em outras áreas, tudo que os americanos inventavam deveria ser superado pelos russos e vice-versa. Neste caso em particular, a única coisa que se ouviu do outro lado da "cortina de ferro" foram gargalhadas:
- a gente não precisa de caneta espacial, a gente usa lápis...
domingo, 12 de outubro de 2008
Toques
Eu acordava todo dia ao velho som do despertador convencional do meu celular. Algo parecido com um "Trimmmm". Muito enjoado. O "Trimmmm" já não me acordava mais. Pra falar a verdade, acordar de manhã é um dos maiores desafios do meu dia. Sou um ser noturno. Eu deveria ficar acordado a noite toda e dormir durante o dia, mas a vida "ocidental-burguesa-capitalista" me obriga a inverter as bolas. Azar o meu...
Peguei na Internet um programa chamado Audacity. É usado para edição musical. Entre outras coisas, dá pra fazer cortes de trechos de músicas. Você pega a música(em .wav, .mp3 e tals), abre no Audacity, seleciona o trecho que você quer, grava como um novo .mp3 e transforma em toque de celular. Entendeu como faz? Não? Se vira, não espere que eu dê tudo de bandeja para você.
A primeira tentativa foi com Woman in Chains, Tears for fears. Um desastre completo. A música é suave demais, quem disse que eu acordei? Serviu mais como cantiga de ninar.
Eu precisava de algo um pouco mais forte. Cocaine, Eric Claption, parecia ideal. Durante um bom tempo a música cumpriu o seu papel. Mas com o passar do tempo a dose matinal de Cocaine começou a criar tolerância e já não fazia mais efeito.
Tava na hora de aumentar a dose novamente. Passei a usar Elevation, U2. Nos primeiros dias eu pulava da cama e já caia em pé, sem nem saber como eu tinha feito aquilo. Dá o maior pique. Até o dia que eu esqueci o despertador ligado no final de semana. Eu não precisava acordar cedo, eu não queria acordar cedo... Fiquei puto, troquei o toque. Smoke on the Water, Deep Purple.
Dai veio aquela vidinha monótona, alternando os toques e tals. Quando um enjoava eu colocava o outro. Até que eu resolvi fazer um teste com algo bem mais radical. A primeira vez que acordei ao som de American Idiot, Green Day, foi impressionante. Primeiro eu tive a sensação que o apartamento ia sair andando sozinho. Ai eu me dei conta que era o despertador tocando. Ao invés de acordar eu comecei a sonhar que estava tentando desligando o despertador. Continuava tocando, por mais que eu "apertasse" tudo quanto é botão.
O despertador é daqueles que desperta por um tempo e para. Depois ele volta a tocar novamente. O som parou, pensei que tinha desligado. Quando tava quase dormindo de novo, no melhor do meu cochilo, vem a casa estremesser de novo. Dessa vez eu acordei de verdade, com os olhos arregalados olhando o teto e o coração a beira do infarte. Foi o melhor toque que eu consegui até hoje como despertador ...
ps: clique aqui e baixe os toques mencionados por sua própria conta e risco.
Peguei na Internet um programa chamado Audacity. É usado para edição musical. Entre outras coisas, dá pra fazer cortes de trechos de músicas. Você pega a música(em .wav, .mp3 e tals), abre no Audacity, seleciona o trecho que você quer, grava como um novo .mp3 e transforma em toque de celular. Entendeu como faz? Não? Se vira, não espere que eu dê tudo de bandeja para você.
A primeira tentativa foi com Woman in Chains, Tears for fears. Um desastre completo. A música é suave demais, quem disse que eu acordei? Serviu mais como cantiga de ninar.
Eu precisava de algo um pouco mais forte. Cocaine, Eric Claption, parecia ideal. Durante um bom tempo a música cumpriu o seu papel. Mas com o passar do tempo a dose matinal de Cocaine começou a criar tolerância e já não fazia mais efeito.
Tava na hora de aumentar a dose novamente. Passei a usar Elevation, U2. Nos primeiros dias eu pulava da cama e já caia em pé, sem nem saber como eu tinha feito aquilo. Dá o maior pique. Até o dia que eu esqueci o despertador ligado no final de semana. Eu não precisava acordar cedo, eu não queria acordar cedo... Fiquei puto, troquei o toque. Smoke on the Water, Deep Purple.
Dai veio aquela vidinha monótona, alternando os toques e tals. Quando um enjoava eu colocava o outro. Até que eu resolvi fazer um teste com algo bem mais radical. A primeira vez que acordei ao som de American Idiot, Green Day, foi impressionante. Primeiro eu tive a sensação que o apartamento ia sair andando sozinho. Ai eu me dei conta que era o despertador tocando. Ao invés de acordar eu comecei a sonhar que estava tentando desligando o despertador. Continuava tocando, por mais que eu "apertasse" tudo quanto é botão.
O despertador é daqueles que desperta por um tempo e para. Depois ele volta a tocar novamente. O som parou, pensei que tinha desligado. Quando tava quase dormindo de novo, no melhor do meu cochilo, vem a casa estremesser de novo. Dessa vez eu acordei de verdade, com os olhos arregalados olhando o teto e o coração a beira do infarte. Foi o melhor toque que eu consegui até hoje como despertador ...
ps: clique aqui e baixe os toques mencionados por sua própria conta e risco.
domingo, 5 de outubro de 2008
E você, tá nessa também?
Eu e Lorena, a gente sempre discute. O tempo todo sobre tudo. Aliás, seria mais fácil enumerar sobre o que a gente concorda. Recentemente, foi a vez da língua portuguesa. Ela te acompanhará até o fim dos seus dias e a única coisa que você pode afirmar é que nunca a conheceu direito. Eu passei a minha vida escolar apanhando da matéria e sendo perseguido pelas professoras que, declaradamente, não gostavam de mim.
O assunto surgiu por causa de um "pôde" que para a felicidade de todos e o bem geral da nação, deixa de ser acentuado a partir de 1º de janeiro de 2009. De fato, as palavras de nossa língua tendem a ser paroxítonas, ou seja, a sílaba tônica é a antepenúltima. Acentuar paroxítonas é um absurdo linguístico concebido por um bando de eruditos que não tem nada pra fazer. O Acento de "pôde" é meramente diferencial, não atende a nenhuma regra que mereça atenção. Agora vai cair. Aproveito pra dizer adeus: "o incoveniente não deixa saudade, pode ir sem pesar, mesmo que vá em boa hora, pra mim já vai tarde".
Não é difícil entender porque eu e a letrada Lorena discutimos desta vez. O "lado" de cada um também parece bastante óbvio. O Oliveira Lima passou 4 meses tentando me convencer que não há exceções no português. Apenas regras. Posso te garantir que ele teve um relativo sucesso. O que existem são regras gerais, regras para os casos que não atendem a estas e casos que são regrados por regras que não atendem a nenhuma das regras anteriores. Basta ter um conhecimento profundo e dedicar sua vida exclusivamente a isso.
Aos que se esforçam para transformar a língua em algo menos complicado, a casa agradece. Mas, o que dizer da corrente de iletrados que tentam complicar as coisas criando novos "caminhos" para a ramificação de problemas? Não estou maluco, eu ouvi esta frase:
- Eu vou estar enviando um email para estar marcando quando a gente vai estar reunindo novamente.
O autor da bela sentença deve se sentir o próximo indicado pra Academia Brasileira de Letras ou o sucessor natural de Rui Barbosa. Mas o estúpido está empregando o tempo verbal de forma completamente errada. Olha isto:
- Eu vou ficar esperando você voltar.
O emprego do gerúndio indica uma ação continuada. Não se aplica a ações estanques, que ocorrerão e acabarão:
- Eu vou mandar o email para marcar a próxima reunião.
Olha como dessa vez nem dá vontade de agredir fisicamente o infeliz. Fica correto e muito mais simples. Mas parece que as pessoas se esforçam em conseguir estas construções fantásticas, operadoras de telemarketing, então, nem se fale:
- Eu vou "estar te transferindo" pro setor responsável e você pode "estar perguntando" para os nossos atendentes quando vai "estar vencendo" a sua fatura.
O Troço impregna na sua cabeça, daqui há pouco você mesmo está pensando:
- Que vontade de "estar mandando" esta criatura ir "estar catando" coquinho nos quintos do inferno.
Outro que me irrita profundamente é o "a nível de". Parece que foi convencionado em acordo internacional: toda frase iniciada por "a nível de" exprime um profundo conhecimento filosófico ou de causa desde que acompanhado de entonação marcante, expressões faciais e gesticulação braçal intensa:
- Eu gostaria de lembra a todos que, a nível de...
Enfim, todo idiota metido a inteligente vai parar uma palestra, reunião ou evento parecido para introduzir uma nova idéia, que ele leu não sabe onde, não sabe por quem e nem tem nada a ver com o contexto atual. Mas o "a nível de" legitima qualquer iniciativa de se exibir ou de parecer inteligente em público.
Para que ninguém ache que eu sou contra a elaboração linguística e a favor da "xulice falada", vou desferir golpes não menos intensos no "tchau-tchau". Você liga para empresas grandes, fala com gerentes de TI, de áreas estratégicas de negócios, fala de assuntos importantes escolhe palavras para dialogar com pessoas de tamanha importância, no final, o cara se despede com um "tchau-tchau". Eu ficaria satisfeito com um "tchau" apenas mas, será que tchau é igual lâmina de barbear: a primeira faz tchan a segunda faz tchun e... tchan-tchan-tchan-tchan. Já pensou na hora que descobrirem que já inventaram o barbeador de 3 lâminas e quiserem aplicar a mesma regra ao tchau?
- Tudo bem, aguardo novo contato. Tchau-tchau-tchau.
Saco isso né. Mas espero que o texto de hoje sensibilize as pessoas. Os vícios linguísticos são tão devastadores que mereciam campanhas na TV.
- Evite o primeiro "a nível de" um vício começa com o primeiro uso.
- eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando... Até quem vende bala em ônibus sabe falar corretamente. Aprenda a usar o gerúndio e evite "estar sendo transferido" para o olho da rua.
Valeu gente!!!
ps: "A nível de" sugestões ou críticas você "pode estar deixando" o seu comentário. Tchau-tchau.
O assunto surgiu por causa de um "pôde" que para a felicidade de todos e o bem geral da nação, deixa de ser acentuado a partir de 1º de janeiro de 2009. De fato, as palavras de nossa língua tendem a ser paroxítonas, ou seja, a sílaba tônica é a antepenúltima. Acentuar paroxítonas é um absurdo linguístico concebido por um bando de eruditos que não tem nada pra fazer. O Acento de "pôde" é meramente diferencial, não atende a nenhuma regra que mereça atenção. Agora vai cair. Aproveito pra dizer adeus: "o incoveniente não deixa saudade, pode ir sem pesar, mesmo que vá em boa hora, pra mim já vai tarde".
Não é difícil entender porque eu e a letrada Lorena discutimos desta vez. O "lado" de cada um também parece bastante óbvio. O Oliveira Lima passou 4 meses tentando me convencer que não há exceções no português. Apenas regras. Posso te garantir que ele teve um relativo sucesso. O que existem são regras gerais, regras para os casos que não atendem a estas e casos que são regrados por regras que não atendem a nenhuma das regras anteriores. Basta ter um conhecimento profundo e dedicar sua vida exclusivamente a isso.
Aos que se esforçam para transformar a língua em algo menos complicado, a casa agradece. Mas, o que dizer da corrente de iletrados que tentam complicar as coisas criando novos "caminhos" para a ramificação de problemas? Não estou maluco, eu ouvi esta frase:
- Eu vou estar enviando um email para estar marcando quando a gente vai estar reunindo novamente.
O autor da bela sentença deve se sentir o próximo indicado pra Academia Brasileira de Letras ou o sucessor natural de Rui Barbosa. Mas o estúpido está empregando o tempo verbal de forma completamente errada. Olha isto:
- Eu vou ficar esperando você voltar.
O emprego do gerúndio indica uma ação continuada. Não se aplica a ações estanques, que ocorrerão e acabarão:
- Eu vou mandar o email para marcar a próxima reunião.
Olha como dessa vez nem dá vontade de agredir fisicamente o infeliz. Fica correto e muito mais simples. Mas parece que as pessoas se esforçam em conseguir estas construções fantásticas, operadoras de telemarketing, então, nem se fale:
- Eu vou "estar te transferindo" pro setor responsável e você pode "estar perguntando" para os nossos atendentes quando vai "estar vencendo" a sua fatura.
O Troço impregna na sua cabeça, daqui há pouco você mesmo está pensando:
- Que vontade de "estar mandando" esta criatura ir "estar catando" coquinho nos quintos do inferno.
Outro que me irrita profundamente é o "a nível de". Parece que foi convencionado em acordo internacional: toda frase iniciada por "a nível de" exprime um profundo conhecimento filosófico ou de causa desde que acompanhado de entonação marcante, expressões faciais e gesticulação braçal intensa:
- Eu gostaria de lembra a todos que, a nível de...
Enfim, todo idiota metido a inteligente vai parar uma palestra, reunião ou evento parecido para introduzir uma nova idéia, que ele leu não sabe onde, não sabe por quem e nem tem nada a ver com o contexto atual. Mas o "a nível de" legitima qualquer iniciativa de se exibir ou de parecer inteligente em público.
Para que ninguém ache que eu sou contra a elaboração linguística e a favor da "xulice falada", vou desferir golpes não menos intensos no "tchau-tchau". Você liga para empresas grandes, fala com gerentes de TI, de áreas estratégicas de negócios, fala de assuntos importantes escolhe palavras para dialogar com pessoas de tamanha importância, no final, o cara se despede com um "tchau-tchau". Eu ficaria satisfeito com um "tchau" apenas mas, será que tchau é igual lâmina de barbear: a primeira faz tchan a segunda faz tchun e... tchan-tchan-tchan-tchan. Já pensou na hora que descobrirem que já inventaram o barbeador de 3 lâminas e quiserem aplicar a mesma regra ao tchau?
- Tudo bem, aguardo novo contato. Tchau-tchau-tchau.
Saco isso né. Mas espero que o texto de hoje sensibilize as pessoas. Os vícios linguísticos são tão devastadores que mereciam campanhas na TV.
- Evite o primeiro "a nível de" um vício começa com o primeiro uso.
- eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando... Até quem vende bala em ônibus sabe falar corretamente. Aprenda a usar o gerúndio e evite "estar sendo transferido" para o olho da rua.
Valeu gente!!!
ps: "A nível de" sugestões ou críticas você "pode estar deixando" o seu comentário. Tchau-tchau.
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