Um homem entra no departamento de trânsito de um estado americano. É um vendedor de tintas e o departamento, seu cliente do dia. Se aproxima da secretária e confirma com ela se seu chefe irá recebê-lo.
(No espaço, um astronauta orbita em torno da terra.)
Enquanto espera, ele percebe a irritação do chefe do departamento. Ele tem por meta reduzir 10% dos acidentes de trânsito em seu estado e não tem nem idéia de por onde começar.
(O astronauta pega uma caneta para fazer anotações.)
O representante vê que o momento não é oportuno e pede a secretária que o agende para o dia seguinte. Entra em seu carro e parte para atender o próximo cliente. Subindo uma lombada, quase bate de frente no carro que vinha no sentido contrário.
(Fora da gravidade terrestre, a caneta falha.)
Stressado, sai do carro e grita:
- Da próxima vez, fique do seu lado da estrada!
- Se você disser qual é o meu lado da estrada, eu ficarei, responde o outro.
Cada um entra em seu carro e segue o seu caminho. Já o viajante espacial testa várias canetas, e nenhuma "dá no couro". De volta a terra, todas elas funcionam normalmente.
Chegar a conclusão que se tem um problema é fácil. Mas e a solução, será que é fácil resolver?
O vendedor volta no dia seguinte e conversa com o chefe do departamento:
- Vamos pintar faixas nas ruas. Cada motorista deve se manter do seu lado da pista. Com isso, diminuimos o número de acidentes de trânsito.
O Chefe do departamento pensou um pouco e disse:
- Onde mais isto está sendo feito?
O outro respondeu:
- Ninguém está fazendo isto ainda. O Senhor será o pioneiro.
Foi um vendedor de tintas, que precisava bater sua meta de vendas do mês, o inventor do sistema de sinalização usado nas ruas e estradas do mundo todo. Ele enchergou uma oportunidade em seus contratempos do dia anterior.
Alguns anos e milhões de dólares depois os americanos anunciam ao mundo o seu feito incrível: a caneta espacial, capaz de escrever em ambiente de gravidade zero. Enquanto na primeira história uma idéia simples rende milhões de dólares, na segunda, milhões de dólares se transformam em fumaça. É aquilo que eu chamo de usar uma metralhadora pra matar um rato.
Foi a fase da história conhecida como Guerra Fria. Na corrida espacial, como em outras áreas, tudo que os americanos inventavam deveria ser superado pelos russos e vice-versa. Neste caso em particular, a única coisa que se ouviu do outro lado da "cortina de ferro" foram gargalhadas:
- a gente não precisa de caneta espacial, a gente usa lápis...
domingo, 19 de outubro de 2008
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