Era um sábado à noite como qualquer outro. Sentado no bar Abertura, próximo a UFES, tomava cerveja com alguns amigos. Logo acima de nossas cabeças um eclipse lunar estava se encerrando. Observando as outras pessoas, percebemos que ninguém olhava pro céu. A gente estava envolvido com o fenômeno desde as seis da tarde. Fomos para o observatório da UFES, acompanhamos o espetáculo desde seu início. Depois fomos beber.
Tudo bem que nem todo mundo ficou sabendo que ia ter o eclipse, nem todo mundo iria se arrancar de casa pra ir observá-lo, mas bastaria olhar pro céu e as pessoas perceberiam que algo diferente estava acontecendo. Se, ao menos, uma pessoa olhasse, comentaria com alguém. As outras pessoas ficariam curiosas e descobririam o que estava acontecendo. Nada...
Observar o céu é uma das coisas mais antigas da humanidade. Os antigos procuravam no céu as respostas para seus dilemas existenciais, o principal deles, o clima. Saber as posições do sol e da lua indicava a chegada e o fim das estações, consequentemente, o momento certo de iniciar as plantações, quando deveriam ocorrer as chuvas, qual o momento certo de colher, evitando os invernos rigorosos e períodos de grande estiagem.
A lua assume diferentes posições celestes a cada 18,6 anos. Foi o que descobriram os antigos moradores da Inglaterra, ainda na idade do Bronze. A construção de stonehenge, o famoso monumento de pedra formando um círculo, era uma espécie de calendário lunar. Construído pra indicar o início e fim das estações, ele marca um momento de transição na história da humanidade: com o fim da era glacial os homens não podiam mais se dedicar à caça, pois as grandes feras tinham sido extintas. Os nômades noturnos se transformaram em agricultores diurnos. A lua deixou de ser o único guia dos homens e estes passaram a se guiar pelo sol também.
Eu sempre gostei de tudo que é relacionado ao universo. Na minha infância eu tinha um livro que falava sobre a conquista espacial, os planetas da via láctea, cometas, asteróides, estrelas e todos os corpos conhecidos que vagam pelo espaço. Até a pouco tempo uma das minhas maiores frustrações era não ter visto o cometa Halley. Sua aparição, no início do século passado, foi tão clara que causou, em diversas pessoas, o temor do fim do mundo. Sua reaparição, já na década de oitenta, era esperada com grande euforia. Eu saia de casa várias vezes a noite com amigos e nada de ver o cometa. Todo dia uma nova expectativa e nada. Até que foi noticiado pela imprensa que o cometa estaria no ponto mais próximo da terra na noite seguinte e que dai em diante ele não poderia mais ser visto.
Acordei de manhã com aquela motivação: é hoje ou nunca, mas logo ao sair de casa pra ir pra escola eu já sabia que seria nunca: o céu tava nublado. Esperamos o dia todo que o céu limpasse, ficamos horas no meio da rua à noite esperando e nada. O céu escondeu o espetáculo e fomos dormir com aquela sensação de ter chegado no cinema depois que o filme já havia acabado.
Agora no final de fevereiro foi a vez do Lulin fazer uma graça parecida. A UFES ia abrir o observatório à visitação nos dias em que o cometa estaria mais nítido. Eu e alguns poucos aventureiros encontramos o vigia dormindo e o observatório fechado: O céu tava nublado de novo. No dia seguinte eu não tive ânimo de ir de novo. No próximo cometa estarei lá. Mesmo que chova canivete aberto!!!!
domingo, 22 de março de 2009
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Um comentário:
Gostei ,isso me faz refletir que nem tudo tudo podemos ter na hora q queremos, forças opostas podem ocorrer,mas sempre teremos oportunidades...não importa o tempo elas virão.rozeani
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