domingo, 22 de março de 2009

Vou sair pra ver o céu

Era um sábado à noite como qualquer outro. Sentado no bar Abertura, próximo a UFES, tomava cerveja com alguns amigos. Logo acima de nossas cabeças um eclipse lunar estava se encerrando. Observando as outras pessoas, percebemos que ninguém olhava pro céu. A gente estava envolvido com o fenômeno desde as seis da tarde. Fomos para o observatório da UFES, acompanhamos o espetáculo desde seu início. Depois fomos beber.
Tudo bem que nem todo mundo ficou sabendo que ia ter o eclipse, nem todo mundo iria se arrancar de casa pra ir observá-lo, mas bastaria olhar pro céu e as pessoas perceberiam que algo diferente estava acontecendo. Se, ao menos, uma pessoa olhasse, comentaria com alguém. As outras pessoas ficariam curiosas e descobririam o que estava acontecendo. Nada...
Observar o céu é uma das coisas mais antigas da humanidade. Os antigos procuravam no céu as respostas para seus dilemas existenciais, o principal deles, o clima. Saber as posições do sol e da lua indicava a chegada e o fim das estações, consequentemente, o momento certo de iniciar as plantações, quando deveriam ocorrer as chuvas, qual o momento certo de colher, evitando os invernos rigorosos e períodos de grande estiagem.
A lua assume diferentes posições celestes a cada 18,6 anos. Foi o que descobriram os antigos moradores da Inglaterra, ainda na idade do Bronze. A construção de stonehenge, o famoso monumento de pedra formando um círculo, era uma espécie de calendário lunar. Construído pra indicar o início e fim das estações, ele marca um momento de transição na história da humanidade: com o fim da era glacial os homens não podiam mais se dedicar à caça, pois as grandes feras tinham sido extintas. Os nômades noturnos se transformaram em agricultores diurnos. A lua deixou de ser o único guia dos homens e estes passaram a se guiar pelo sol também.
Eu sempre gostei de tudo que é relacionado ao universo. Na minha infância eu tinha um livro que falava sobre a conquista espacial, os planetas da via láctea, cometas, asteróides, estrelas e todos os corpos conhecidos que vagam pelo espaço. Até a pouco tempo uma das minhas maiores frustrações era não ter visto o cometa Halley. Sua aparição, no início do século passado, foi tão clara que causou, em diversas pessoas, o temor do fim do mundo. Sua reaparição, já na década de oitenta, era esperada com grande euforia. Eu saia de casa várias vezes a noite com amigos e nada de ver o cometa. Todo dia uma nova expectativa e nada. Até que foi noticiado pela imprensa que o cometa estaria no ponto mais próximo da terra na noite seguinte e que dai em diante ele não poderia mais ser visto.
Acordei de manhã com aquela motivação: é hoje ou nunca, mas logo ao sair de casa pra ir pra escola eu já sabia que seria nunca: o céu tava nublado. Esperamos o dia todo que o céu limpasse, ficamos horas no meio da rua à noite esperando e nada. O céu escondeu o espetáculo e fomos dormir com aquela sensação de ter chegado no cinema depois que o filme já havia acabado.
Agora no final de fevereiro foi a vez do Lulin fazer uma graça parecida. A UFES ia abrir o observatório à visitação nos dias em que o cometa estaria mais nítido. Eu e alguns poucos aventureiros encontramos o vigia dormindo e o observatório fechado: O céu tava nublado de novo. No dia seguinte eu não tive ânimo de ir de novo. No próximo cometa estarei lá. Mesmo que chova canivete aberto!!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei ,isso me faz refletir que nem tudo tudo podemos ter na hora q queremos, forças opostas podem ocorrer,mas sempre teremos oportunidades...não importa o tempo elas virão.rozeani